Fapesp: Transplantes de células-tronco podem ser usadas contra a insuficiência cardíaca

transplante de células-tronco é uma alternativa promissora contra a insuficiência cardíaca crônica

seg, 23/06/2003 - 20h37 | Do Portal do Governo

Resultados dos primeiros transplantes de células-tronco no Brasil acenam com a perspectiva de uso dessa técnica contra a insuficiência cardíaca, uma das principais causas de morte no mundo

Alvo de severas críticas e discussões acaloradas recentes, um tipo especial de célula volta à cena. Desta vez, com boas notícias. São as células-tronco, intensamente estudadas nos últimos cinco anos por causa de sua fascinante peculiaridade: ao se multiplicarem, originam células de diferentes tecidos do corpo, tão distintas como as da pele, dos músculos ou do sistema nervoso. No Brasil, surgem os resultados do trabalho de pelo menos três grupos de pesquisa que, em paralelo com equipes européias e norte-americanas, consolidam as células-tronco como uma opção para – se não curar – ao menos melhorar a qualidade de vida de pessoas com graves problemas no coração, contra os quais os medicamentos não produzem mais os efeitos desejados.

Com técnicas distintas, pesquisadores do Rio de Janeiro, da Bahia e de São Paulo concluíram: o transplante de células-tronco é uma alternativa promissora contra a insuficiência cardíaca crônica provocada por hipertensão, obstrução das artérias coronárias e mal de Chagas. Problema em que o coração perde progressivamente a capacidade de bombear o sangue, a insuficiência cardíaca atinge de 3% a 6% da população mundial e, no Brasil, entre 5 milhões e 10 milhões de pessoas. A equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Hospital Pró-Cardíaco, que exibe os dados mais avançados, obteve recentemente um trunfo internacional pelos resultados a que chegou após dois anos de trabalho, um tempo curto em se tratando de uma área nova em todo o mundo.

Em 13 de maio, a Circulation , a mais importante revista científica em cardiologia clínica, publicou um artigo científico no qual os pesquisadores do Rio descrevem os primeiros transplantes de células-tronco em portadores de insuficiência cardíaca crônica. Dos 14 tratados, 12 passam bem e dois morreram, aparentemente por causas não ligadas às aplicações de células-tronco, segundo os médicos. ‘O projeto só andou rápido porque já existia na UFRJ um modelo de transplante em ratos quando iniciamos o trabalho’, reconhece o cardiologista Hans Dohmann, do Pró-Cardíaco.

‘A impressão é que as células-tronco substituem o tecido fibroso por células musculares’, comenta Antonio Carlos Campos de Carvalho, da UFRJ, que integra o Instituto do Milênio de Bioengenharia Tecidual, apoiado pelo governo federal. Esse tratamento aumenta a irrigação da parte lesada do coração, permitindo que as células que entraram numa espécie de hibernação voltem a se contrair.

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Ricardo Zorzetto – Revista Fapesp
-C.M.-