Fapesp: Simulações permitem prever a estrutura de proteínas e explicar o mecanismo de ação dos anest

Reportagem é parte integrante de Pesquisa FAPESP, edição de abril de 2003

seg, 28/04/2003 - 21h00 | Do Portal do Governo

Ao encostar a mão numa leiteira quente, células da pele transformam a sensação de calor em um tênue sinal elétrico, transmitido de uma célula nervosa a outra até atingir a medula espinhal, da qual parte um reflexo que faz a mão se afastar da leiteira. Também como impulsos elétricos, a mensagem segue rumo ao cérebro e ali é interpretada como uma sensação de dor, numa seqüência de sinalizações químicas que se passa em centésimos de segundo. Só então é que vem a consciência do que se passou.

Com base em simulações de computador, físicos e biólogos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ajudaram a explicar como se formam e se propagam esses sinais elétricos – ou impulsos nervosos, que, como se demonstrou, são extremamente dependentes de uma estrutura em forma de grampo de cabelo encontrada na base dos poros da membrana do neurônio. Os impulsos nervosos, além de acionarem o reflexo de afastar a mão da leiteira em resposta à dor, asseguram a própria sobrevivência por meio de atos involuntários, fazendo o coração bater, ou voluntários, permitindo a escolha consciente de um caminho em meio ao trânsito, por exemplo. A partir das conclusões a que chegou, a equipe carioca criou uma abordagem que auxilia no detalhamento de algo extremamente prático: a ação dos anestésicos, medicamentos que diminuem a sensibilidade à dor por bloquear a passagem dos sinais elétricos através dos neurônios, as células nervosas.

Em outra área, o grupo do físico Pedro Geraldo Pascutti, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ, mostrou como uma proteína consegue rapidamente, logo após ser produzida, dobrar-se sobre si mesma e, em poucos minutos, assumir a forma espacial que lhe permite atuar de modo mais eficiente no organismo. Os passos desse balé parecem simples – e de fato são -, mas ninguém até agora sabia como é que as proteínas seguem automaticamente esse roteiro. Por serem longas e flexíveis, podem sofrer torções e assumir milhões de formas diferentes. Se fosse testar cada possibilidade, uma proteína qualquer consumiria bilhões de anos antes de chegar à forma mais adequada – e provavelmente só se formariam os organismos mais simples.

Ricardo Zorzetto – Pesquisa Fapesp

Leia a matéria completa no site da