Da Agência de Notícias da Fapesp
Por Thiago Romero
A bordo do hidroavião anfíbio Talha-mar, o engenheiro mecânico, aviador e aventureiro Gérard Moss fez nesta quarta-feira, dia 1º, um levantamento inédito da qualidade da água doce dos principais rios, lagos e reservatórios hídricos do país.
Trata-se do projeto “Brasil das Águas”, que fez a decolagem no Clube Esportivo de Vôo, no Rio de Janeiro, ontem. Moss e sua mulher Margi pretendem percorrer 100 mil quilômetros do território brasileiro, tirando fotos e recolhendo amostras das águas, que serão analisadas pelo Instituto Internacional de Ecologia em São Carlos (SP). A viagem tem previsão para acabar em 1º de outubro de 2004.
O objetivo do projeto é conhecer a situação ambiental das águas doces e identificar locais que nunca foram contaminados para que possam ser conservados. Para isso, será utilizado um hidroavião especialmente transformado em laboratório. As amostras serão coletadas em mais de mil localidades diferentes em vôos rasantes sobre a superfície de rios e lagos.
Uma sonda instalada dentro da aeronave fará a análise imediata de diversos parâmetros físico-químicos, como pH, condutividade, salinidade, temperatura e turbidez. Características como potabilidade e contaminação por metais pesados serão examinadas posteriormente em laboratórios de universidades. Quando houver condições seguras para um pouso completo na água, microrganismos e sedimentos do substrato também serão recolhidos.
“Até agora não existe um mapa da saúde das águas brasileiras. Será a primeira utilização de um sistema de coleta única em todo o país, ou seja, iremos comparar todas as águas com o mesmo critério”, disse Margi Moss em entrevista à Agência FAPESP.
A primeira campanha de coleta será realizada na bacia do Rio Paraná, com paradas em cidades como Uberaba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Londrina. “A pesquisa irá se dividir em diferentes etapas, realizadas a cada mês em regiões específicas do Brasil”, disse Margi.
Os locais de cada coleta serão registrados em fotos aéreas georreferenciadas com GPS, que permitem a visualização das características do terreno. A expedição pretende também conscientizar a população sobre o valor e a importância de preservar a água, uma das principais riquezas do Brasil.
Gérard Moss acumula mais de 3 mil horas de vôo em monomotor. Ao lado de sua mulher, deu a volta ao mundo entre 1989-1992 num avião Sertanejo fabricado pela Embraer. No projeto Asas do Vento, o piloto realizou a primeira volta ao mundo em um motoplanador, na aeronave Ximango, também de fabricação brasileira (Aeromot).
Os resultados da pesquisa serão disponibilizados num avançado Sistema de Informações Geográficas (SIG), no site www.brasildasaguas.com.br
V.C.
