Fapesp: Projeto resgata relação real entre missionários e indígenas

A ação missionária é uma questão complexa - em especial a iniciada no século 16, pelos jesuítas.

seg, 30/05/2005 - 18h59 | Do Portal do Governo

Eles sentam no trono de São Pedro, mas suas preocupações estão mesmo em Paulo, o primeiro ‘missionário’ que foi até os ‘pagãos’ para levar a mensagem cristã. Assim, sintomaticamente, os missionários estiveram no foco final do último papa e no primeiro do novo. ‘Os missionários são o pão partido para a vida do mundo que fazem ressoar com sua ação as palavras do Redentor e não duvidam em dar vida ao Evangelho’, escreveu João Paulo II num documento póstumo recém-revelado pelo Vaticano. ‘Devemos ser missionários, animados por uma santa inquietação: levar a todos o dom da fé. O amor de Deus nos foi dado para que chegue aos outros. Recebemos a fé para doá-la aos outros’, anunciou Bento XVI em sua primeira homilia aos cardeais, um dia após ser eleito pontífice. Longe das sutilezas teológicas, os missionários influenciam até mesmo a sociedade laica: não foi sem razão que, por causa de questões de terra, uma freira norte-americana foi baleada na Amazônia.

A ação missionária é uma questão complexa – em especial a iniciada no século 16, pelos jesuítas, na América portuguesa recém-descoberta, junto aos nativos – e continua ainda hoje a inquietar a Igreja. ‘João Paulo II esforçou-se em ser o grande missionário’, observa Paula Montero, coordenadora do projeto temático Missionários cristãos na Amazônia brasileira: um estudo de mediação cultural , apoiado pela FAPESP. Mas apesar desse labor simbólico do Vaticano, desde os anos 1970, a intervenção missionária junto aos povos indígenas é vista de maneira maniqueísta, como um choque cultural de vencedores e vencidos (ou aculturados).

‘Esse encontro não foi apenas dizimador, mas propiciou o estabelecimento de relações entre culturas’, revela a pesquisadora. ‘Uma das grandes questões que nos são colocadas hoje é compreender o sutil processo pelo qual as diferenças, que supostamente estariam condenadas ao desaparecimento, ante a globalização, são recriadas e reinventadas. Em nossa pesquisa, interessa-nos sobretudo perceber esse processo dinâmico de reelaboração cultural, quando mediado por um ator social particular: o missionário cristão’, diz Marco Rufino, da equipe do projeto, cujos resultados serão lançados em livro pela Editora Globo.

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Carlos Haag – Agência Fapesp