Fapesp: Pesquisa nacional se profissionaliza, incorpora o trabalho em grupo e melhora sua posição no

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sex, 11/06/2004 - 17h49 | Do Portal do Governo

A pequena reunião, bem informal, era em casa mesmo, em meio a fraldas e mamadeiras. De licença maternidade (tinha acabado de ser mãe pela terceira vez), a bióloga molecular Marie-Anne Van Sluys, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), então com 34 anos, queria entrar numa nova empreitada da FAPESP e gostaria de contar com o apoio de dois colegas de unidade: o experiente Carlos Menck, seu marido, e a ainda mais jovem Mariana de Oliveira, 29. Empreitada que, naquele ano de 1997, ninguém poderia imaginar que fosse dar tão certo e se tornaria um marco na ciência nacional.

Marie-Anne iria se candidatar a ser coordenadora de um dos 30 laboratórios que tentariam fazer – e fizeram – o seqüenciamento do genoma da bactéria Xylella fastidiosa que provoca a Clorose Variegada dos Citros (CVC), doença conhecida nos laranjais como amarelinho. Uma responsabilidade e tanto para essa filha de belgas nascida no Rio de Janeiro e com doutorado na França. Afinal, ninguém no Brasil era especialista em genomas. ‘Havia hierarquia entre os grupos, mas todo mundo estava lá para aprender’, relembra Marie-Anne.

E aprenderam. Em 13 de julho de 2000, Marie-Anne era uma das 116 assinaturas que constavam do hoje histórico artigo científico sobre o genoma da Xylella . Os brasileiros foram os primeiros do mundo a seqüenciar o genoma de um patógeno que atacava plantas. Pelo feito, não só emplacaram seu trabalho na revista inglesa Nature, talvez a mais conceituada das publicações científicas, como foram agraciados com a capa do periódico, distinção inédita para a ciência nacional.

O genoma da Xylella gerou uma repercussão enorme aqui e no exterior, tanto no meio científico como na sociedade que não vive o dia-a-dia dos laboratórios de pesquisa. A ficha caiu e, talvez a contragosto, os países desenvolvidos perceberam que aquele gigante da América do Sul era mais hábil e versátil do que pensavam. ‘Samba, futebol e… genômica’, escreveu The Economist , revista inglesa especializada em economia, mostrando que a ginga e os dribles nacionais haviam se espraiado para um novo campo do saber.

Marcos Pivetta – Revista Fapesp

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