Fapesp: Pesquisa mostra que os distúrbios psiquiátricos são freqüentes e pouco tratados

Tanto nos países ricos quanto nos menos afortunados os desajustes emocionais persistentes podem emergir a partir dos 15 anos

seg, 17/01/2005 - 22h07 | Do Portal do Governo

Mesmo nas cidades mais isoladas do mundo os transtornos mentais começam cedo, ainda na infância, e geralmente apresentam os mesmos estágios de desenvolvimento, independentemente dos estilos de vida ou das condições econômicas em que vivem as populações, de acordo com os primeiros resultados do mais amplo estudo já feito nessa área. Tanto nos países ricos quanto nos menos afortunados os desajustes emocionais persistentes podem emergir a partir dos 15 anos, por meio de medos intensos – de espaços abertos ou fechados, de altura ou de escuro -, de uma ansiedade sem razão concreta ou de uma depressão leve, às quais geralmente se dá pouca importância. Progridem lentamente e, lá pelos 20 anos, podem se expressar na forma de dependência de álcool, de nicotina ou de drogas ou ainda como uma depressão grave, que debilita a ponto de superar a vontade de comer ou mesmo de viver.

Ao revelar essa seqüência, essa etapa inicial do World Mental Health Survey (Levantamento Mundial sobre Saúde Mental), coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), abre a perspectiva de detectar e conter o processo de perda contínua de controle emocional ainda no início, durante a vida escolar, e assim evitar o surgimento de problemas mais graves – o Brasil integra esse estudo, mas o levantamento, aqui, ainda se encontra na fase inicial de coleta de informações. A delimitação dessas fases é também uma notícia promissora no desalentador quadro da saúde mental no mundo: parcelas variáveis de 4,3% a 26% da população nos 14 países já avaliados apresentam algum tipo de transtorno psiquiátrico.

Além do impacto social, com a erosão das relações familiares e sociais, os problemas psiquiátricos repercutem também economicamente. Estudos anteriores da OMS demonstraram que os transtornos psiquiátricos estão entre as principais causas de perda de dias de trabalho. De acordo com esse novo estudo, na Itália, o país em que essas perdas se mostraram maiores, os portadores de distúrbios leves perdem em média quatro dias de trabalho por ano, enquanto os acometidos por formas graves ficam 200 dias sem trabalhar a cada ano. Os transtornos mentais colocam em risco a própria vida: estão associados a cerca de 870 mil suicídios registrados todo ano no mundo, uma média de três mortes a cada dois minutos.

Carlos Fioravanti – Revista Fapesp

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