Fapesp: Novos processos simplificam a limpeza e a recuperação de garrafas plásticas descartáveis

Matéria da Revista Fapesp número 112

qua, 15/06/2005 - 19h37 | Do Portal do Governo

Mantas tecidas em tear manual, calças jeans, bandejas de frutas, couro artificial e até mesmo garrafas para produtos não-alimentícios têm em comum a mesma origem. São produtos obtidos principalmente de embalagens plásticas, conhecidas como PET, de refrigerantes, água, óleo de cozinha e produtos domésticos de limpeza, descartadas após o consumo e recicladas. Para que elas passem a ser reutilizadas, porém, é necessário passar por um processo que começa com a recuperação do material até chegar à etapa de transformação no produto final. Nos casos em que as garrafas são reprocessadas em novas embalagens para acondicionar alimentos, além da etapa de limpeza convencional, elas precisam passar por um processo de descontaminação para remoção de substâncias perigosas que são absorvidas pelo PET – como a resina Poli (tereftalato de etileno) é mais conhecida -, causa de danos à saúde humana quando ingeridas acima de determinados limites.

Essas substâncias geralmente são provenientes da reutilização de vasilhames pelo consumidor para acondicionar combustíveis, pesticidas, produtos químicos e de limpeza. Uma nova técnica, mais simples e econômica que os métodos utilizados atualmente para esse fim, foi desenvolvida e patenteada por pesquisadores do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Eles também desenvolveram um novo processo de recuperação molecular do PET que muito vai ajudar no uso do material reciclado para fabricar novas garrafas para água e refrigerante, por exemplo, situação hoje inviável no Brasil.

No caso da descontaminação, os processos usados pelas empresas recicladoras utilizam atualmente altíssimo vácuo industrial durante várias horas ou substâncias alcalinas, como soda cáustica, para raspar as camadas mais superficiais do plástico onde estão depositados os contaminantes. O novo processo é muito mais simples: necessita apenas de um fluxo de ar seco quente por cerca de 15 minutos, em uma faixa de temperatura que vai de 130°C a 220°C. ‘O oxigênio contido no ar atmosférico apresenta interação com o PET e, ao mesmo tempo, alto poder dedifusão, facilitando a remoção dos contaminantes do vasilhame em curto espaço de tempo’, diz a professora Sati Manrich, coordenadora do projeto, financiado pela FAPESP.

A simplicidade do novo método atraiu a atenção de cinco empresas brasileiras e estrangeiras, sendo que uma delas avançou bastante nas negociações. Três das interessadas já trabalham com processos de limpeza superclean, como são chamados os métodos empregados na descontaminação de embalagens plásticas pós-consumo. ‘Essas empresas podem incorporar a tecnologia que desenvolvemos para melhorar o processo usado atualmente, que ficará bem mais econômico’, diz Sati. Outra vantagem dessa tecnologia é que ela pode ser utilizada por empresas de qualquer tamanho, inclusive micros e pequenas.

Por enquanto, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não permite que plásticos reciclados entrem em contato com alimentos, como refrigerantes, chás, sucos, óleos de cozinha e outros produtos similares. As garrafas plásticas recicladas podem se transformar novamente em uma garrafa, desde que seja para acondicionar produtos de limpeza, químicos, pesticidas e outros. ‘Existem pelo menos três empresas brasileiras que dispõem de tecnologia para produzir a resina reciclada que poderia transformar-se novamente em garrafa para abrigar alimentos’, diz Hermes Contesini, diretor de comunicação da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), entidade que congrega os fabricantes da resina, de embalagens e os recicladores de embalagens. A tecnologia disponível nas indústrias brasileiras, por enquanto, é importada. Mas pode ganhar o reforço do processo desenvolvido na UFSCar.

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Dinorah Ereno – Revista Fapesp