Fapesp: Novos biomateriais tornam restaurações e implantes mais baratos

Biomateriais são capazes de estimular o potencial regenerativo de tecidos humanos

ter, 27/05/2003 - 18h31 | Do Portal do Governo

Dois novos biomateriais para uso odontológico prometem trazer grandes benefícios aos dentistas e seus pacientes. O primeiro deles é um filme flexível (ou membrana) empregado para auxiliar o processo de fixação de pinos usados em implantes dentários. O outro é um cimento odontológico que serve para restauração de dentes e para fixação de dispositivos protéticos, como pinos, coroas e bráquetes (peças metálicas para fixação) de aparelhos ortodônticos, usados na correção da posição dos dentes.

Os biomateriais, capazes de estimular o potencial regenerativo de tecidos humanos, foram desenvolvidos por dois pesquisadores do Grupo de Biomateriais do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (IQ/Unesp), campus de Araraquara, que integra o Centro Multidisciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos, um dos dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da FAPESP. Entre as vantagens dos novos produtos está utilização de tecnologia nacional que permitirá colocar no mercado materiais mais baratos em relação aos produtos usados atualmente.

O filme flexível, criado pelo doutorando em química Rossano Gimenes, é um compósito formado pela junção de dois polímeros (copolímero) PVDF-TrFe (fluoreto de polivinilideno-trifluoretileno) e pela cerâmica titanato de bário (BT). No mercado encontram-se membranas de polímeros (teflon, por exemplo) usadas para revestir cavidades ósseas bucais com lesões (extrações de dente, implantes, cirurgia) visando a proteger o coágulo sanguíneo que se forma no local. ‘Esse coágulo tem um papel fundamental na regeneração óssea e na integração entre o pino e o osso. É ele que fornece os nutrientes necessários para o crescimento das células ósseas’, explica a química Maria Aparecida Zaghete, orientadora de Gimenes e coordenadora do Grupo de Biomateriais. Sem essa proteção, por exemplo, cada vez que a pessoa vai escovar os dentes, o coágulo é involuntariamente removido, atrasando o processo de cura.

Além da função protetora, a membrana desenvolvida na Unesp também deverá acelerar o crescimento ósseo em função das interações piezelétricas entre o compósito e o osso. Piezeletricidade é um fenômeno físico no qual certos materiais submetidos a uma pressão mecânica respondem com a geração de cargas elétricas. Os ossos possuem essa característica e seu crescimento está associado à piezeletricidade. ‘Com o uso dessa membrana, estamos dando uma força para o osso regenerar-se de forma mais rápida’, afirma Gimenes. Atualmente, materiais semelhantes à disposição dos dentistas, como as membranas de teflon, têm somente a função de isolar o coágulo. Essas membranas não contribuem para regeneração do osso.

Leia a matéria completa no site da