Fapesp: Neurocisticercose começa a mostrar sua real dimensão

Doença é a mais importante parasitária do sistema nervoso central

seg, 23/05/2005 - 20h56 | Do Portal do Governo

A genética acena com uma nova forma de diagnóstico da neurocisticercose, a mais importante doença parasitária do sistema nervoso central. A moléstia se caracteriza pela instalação no cérebro de uma larva adquirida pela ingestão de alimentos contaminados com ovos da Taenia solium – que podem se alojar em suínos – e é praticamente inexistente nos países desenvolvidos. Mas emerge como um grande problema de saúde pública em amplas regiões da América Latina, da Ásia e da África, produzindo males neuropsiquiátricos e matando entre 15% e 25% de suas vítimas. No Brasil é endêmica em várias regiões e atinge presumíveis 140 mil pessoas. Não se conhece ao certo o espectro da doença, em boa medida, por dificuldades de diagnóstico. Em geral, só se pesquisa a neurocisticercose em pacientes que procuram ambulatórios de neurologia com sintomas como crises de epilepsia e distúrbios psiquiátricos.

Mas estudos recentes indicam que a incidência é elevada até mesmo em estados supostamente livres da moléstia. Há testes capazes de detectar anticorpos produzidos contra o invasor, mas nenhum deles é específico a ponto de atestar ou excluir a doença. O diagnóstico somente é conclusivo com a ajuda de imagens de ressonância magnética ou de tomografia computadorizada, que apontam um ou vários cistos, às vezes muitos, a povoar regiões do cérebro do paciente. A boa novidade é que a pesquisa genética acena com um teste barato capaz de detectar vestígios do DNA do verme em amostras do líquido cefalorraquiano, também conhecido como líquor, aquele que envolve e protege o cérebro.

Uma equipe liderada pelo especialista em genética molecular Emmanuel Dias Neto, do Laboratório de Neurociências da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), demonstrou pela primeira vez que o DNA do invasor está presente no líquor. E desenvolveu um exame de detecção molecular da presença do parasita baseado na amplificação do DNA pelo método PCR (reação de polimerase em cadeia).

O teste foi criado em parceria com pesquisadores do Departamento de Neurologia da FMUSP, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, num projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Associação Beneficente Alzira Denise Hertzog Silva (Abadhs). Ao avaliar 30 pacientes com a neurocisticercose, o novo método exibiu uma sensibilidade de 96,7% na detecção do parasita – deu positivo para 29 deles.

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Agência Fapesp
Por Fabrício Marques