Fapesp: Nanotecnologia começa a interessar a iniciativa privada no Brasil

Descobertas em torno dos nanomateriais inauguram uma nova etapa na escala industrial.

qui, 14/08/2003 - 16h03 | Do Portal do Governo

Pegue um fio de cabelo. Olhe para ele e tente imaginar uma espessura 10 mil vezes menor do que essa insignificância em suas mãos. Pronto, é disso que vamos tratar. Ou, melhor, de como a ciência lida com objetos desse tamanho, essas minúsculas superfícies obtidas no universo dos nanômetros, a escala que mede átomos e moléculas equivalente à divisão do metro em bilhões de vezes. Impossível, dessa forma, ver a olho nu ou manipular um objeto nanométrico sem um arsenal de equipamentos, tendo à frente os microscópios eletrônicos mais avançados, que permitem acesso a um mundo antes intocado e capaz, agora, de gerar conforto, negócios e riquezas.

Assim, as descobertas em torno dos nanomateriais inauguram uma nova etapa na escala industrial. O Brasil, desta vez, está em condições de corrigir uma rota desprezada no passado, quando a microeletrônica introduziu o chip, ditando o roteiro da atual modernidade. Há consenso de que o país dispõe de boa infra-estrutura e de pessoal qualificado para fazer nanociência. Precisa agora superar um sério desafio para tornar-se competitivo: tem de somar competências. Um dos caminhos para atingir esse objetivo e atrair a atenção de investidores que transformem esse conhecimento em produtos é uma ação conjuntapreparada por umgrupo de pesquisadores apoiados pela FAPESP e por executivos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A idéia é promover palestras e exposição de programas e projetos já existentes e apoiados pela Fundação. O encontro, ainda sem data definida, deverá permitir, de um lado, a identificação das necessidades do setor privado para a aplicação de pesquisa dirigida. De outro, pretende estimular e ampliar a participação e o potencial empreendedor de cientistas e pesquisadores. Para tanto, uma seleção de trabalhos em nanotecnologia estará em uma mostra aberta ao público nas próprias dependências da Fiesp, de maneira a tornar o tema mais concreto para uma platéia que desconhece o assunto ou tem poucas referências sobre ele, além de mostrar a capacidade brasileira em se habilitar para entrar na corrida em paralelo às potências mundiais.

A coordenação desse trabalho é do físico e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Cylon Gonçalves da Silva, que liderou a implantação do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, do Ministério da Ciência e Tecnologia, em Campinas. Ele foi responsável também pela proposta de um Programa Nacional de Nanotecnologia no governo passado e coordenador do projeto de um Centro Nacional de Referência em Nanotecnologia. ‘Essas propostas visavam colocar o debate sobre a nanotecnologia para fora dos muros acadêmicos no Brasil’, comenta Cylon.

Marili Ribeiro – Revista Fapesp

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