Fapesp: Museu de Zoologia da USP expõe dinossauros

Exposição será realizada a partir de 30 de maio

ter, 17/05/2005 - 21h23 | Do Portal do Governo

O temível velociraptor de Parque dos dinossauros, de Steven Spilberg poderá ser visto a partir do dia 30 de maio no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). Só que numa versão mais científica: com a metade do tamanho com que aparece no filme e boa parte do corpo coberta de penas, como o mais recente fóssil encontrado.

“Dobrar o tamanho foi opção dramática do diretor, mas a informação de que eles tinham penas é posterior ao filme: só há poucos anos encontrou-se o primeiro fóssil da espécie com as marcas das penas”, diz o diretor do museu, o biólogo Carlos Roberto Brandão.

O velociraptor faz parte do processo de modernização do museu, que há três anos começou a se voltar não só para a pesquisa como também para a divulgação científica. Sua reprodução é só um dos elementos que o Museu de Zoologia usou para contar como o vôo foi inventado, de forma independente, quatro vezes na história da evolução biológica. Primeiro, pelos insetos, há cerca de 200 milhões de anos. Muito tempo depois, pelos dinossauros (pterossauro), logo pelas aves e, bem mais recentemente, pelos mamíferos (morcegos).

Além da reconstituição artística do velocirraptor, o primeiro dinossauro com penas de que se tem notícia, a exposição inclui ainda uma reconstituição do archaeopterix, o primeiro deles que apresentava penas e asas. Ao lado de ambos, uma réplica de um esqueleto completo de um carnotauro de mais de três metros. Os três fazem parte da linhagem de dinossauros que deu origem às aves, embora dois deles jamais tenham levandado chão e o terceiro provavelmente voasse tão bem como uma galinha.

Alguns metros acima dos três, sublinhando uma ironia da evolução, pairam, num vôo estático, réplicas de esqueletos fósseis de pterossauros. Eles foram os primeiros não insetos capazes de voar. Apesar disso, extinguiram-se sem deixar descendentes.

A mostra permite observar como, nos morcegos, assim como nos pterossauros, as asas são mãos imensas, deformadas pela adaptação, enquanto as aves adaptaram a estrutura do braço para a função. Já os insetos, desenvolveram asas a partir das costas, sem abdicar de nenhum membro.

“Curioso é que enquanto várias espécies de dinossauro estão associadas ao surgimento das aves, no caso dos insetos acredita-se que todos os que hoje voam descendam de uma única espécie pioneira, surgida há uns 200 milhões de ano”, conta Brandão. Este pioneiro era bem semelhante a uma libélula moderna, com as asas fixas perpendicularmente ao corpo.

A nova ala da exposição faz parte do processo de modernização que, de três anos para cá, busca desenvolver a vocação do museu não só para a pesquisa como para a divulgação científica.

“Deixamos de ser um museu de catálogo, que simplesmente expõe acervo, para sermos um museu que mostra o conhecimento gerado a partir do estudo desse acervo, com prioridade para divulgar as pesquisas que o próprio museu faz”, explica Brandão.

É o caso da exposição de cornos e chifres, que também se inaugura dia 30. Nela serão apresentados exemplares coletados ou recebidos como doação pelo museu ao longo de décadas. São chifres de animais de toda a América do Sul e alguns até da África.

“Muitas vezes, tínhamos só o chifre, a data e o local da coleta e os pesquisadores tiveram de descobrir todo o resto”, diz Brandão.

Nessa mesma perspectiva de ampliar a divulgação científica, há seis meses, o museu abriu ao público sua biblioteca que, com 100 mil títulos, é a maior do mundo sobre fauna neotropical. Antes accessível apenas a pesquisadores, a biblioteca tem hoje uma ala até para crianças, onde os monitores contam fábulas e histórias de animais.

Dia 30, o museu inaugura também um anfiteatro para 70 pessoas, onde pretende promover palestras e seminários relacionados com as exposições.

Mas nem só no tema divulgação concentram-se as melhorias. Dia 30, o Museu de Zoologia inaugura também um novo Laboratório de Carcinologia (estudo de crustáceos), que dobra em capacidade do anterior. As novas instalações, financiadas pela FAPESP, foram construídas para acondicionar o grande aumento no acervo de crustáceos que o museu teve como resultado das doações feitas pelos grupos que trabalharam no Projeto Biota. Também financiado pela FAPESP, o projeto fez um levantamento da biodiversidade do Estado de São Paulo.

Como todo o acervo de mais de 8 milhões de exemplares de animais (sendo 4,5 milhões insetos), o acervo de crustáceos e o novo laboratório estão abertos a pesquisadores de todo o País.

O Museu de Zoologia da USP está localizado na Avenida Nazaré, 481, bairro do Ipiranga, na capital.