Fapesp: Insetos modificados são exportados para combater pragas agrícolas

Controle biológico é hoje uma forma aceita para barrar a ação de pragas

ter, 13/05/2003 - 13h28 | Do Portal do Governo

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe), financiou projeto para a produção biológica de insetos que se tornaram inimigos de pragas agrícolas. O inseto é exportado para Suíça, França, Dinamarca e Estados Unidos, países que apresentam necessidade crescente dessa demanda.

O laboratório Bug Agentes Biológicos, em Piracicaba, cria os insetos modificados. São 30 funcionários que trabalham em salas climatizadas e cuidam de sua dieta, escolhem as mais vigorosas e as preparam para se tornarem combatentes naturais de ovos e lagartas que atacam a cana-de-açúcar, o tomate, o milho e outras culturas.

Predadores

Aproximadamente 30% da produção mensal de 10 quilos de ovos da traça Anagasta kuehniella, utilizados pela vespa Trichogramma para a reprodução é enviada ao exterior. Esse volume é suficiente para a formação de 360 milhões de predadores de insetos danosos à agricultura.

‘Há laboratórios similares em várias partes do mundo, que usam ovos para criar, produzir e multiplicar a vespinha Trichogramma. Ela combate diversas espécies de mariposas’, relata o diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), José Roberto Postali Parra. Consultor do projeto de criação e comercialização de insetos para o controle de pragas agrícolas da Bug, Parra também é professor do Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola.

Ganho econômico

Os sócios da Bug são os engenheiros-agrônomos Danilo Scacalossi Pedrazzoli e Diogo Rodrigues Carvalho, ambos alunos de mestrado na Esalq.

‘Setenta por cento das visitas no nosso site são provenientes de países como Estados Unidos, França, Dinamarca, Suíça, Itália, Holanda, Espanha e Portugal. Alguns são clientes e outros procuram os nossos produtos’, afirma Danilo.

Na avaliação do consultor de criação, o controle biológico é hoje uma forma aceita para barrar a ação de pragas, em resposta ao uso inadequado de inseticidas, danosos para a saúde humana, animal e ao ambiente.

O fator econômico também é levado em conta na adoção desse sistema. No caso da broca-da-cana, por exemplo, praga que causa prejuízos à cultura da cana-de-açúcar e ao processo de produção industrial, o controle biológico, que inclui parasitas, frete e aplicação, custa aproximadamente R$ 15,00 por hectare, enquanto o tratamento químico fica, em média, em R$ 45,00. Essa praga provoca no campo perda de peso da planta, em razão da abertura de galerias no caule da cana e falhas na germinação, entre outros danos.

Fim das perdas

No processo industrial, por causa da podridão vermelha, causada pela broca em associação com fungos, ocorrem mudanças químicas, como transformações da sacarose, diminuição da pureza do caldo e contaminação do processo de fermentação alcoólica. Todos estes fatores levam a um menor rendimento do açúcar e do álcool.

Estudos demonstraram que cada 1% de intensidade de infestação dessa praga em uma plantação corresponde a 0,25% de perda de açúcar. Valor que se altera de acordo com a variedade da planta utilizada. ‘Isso significa a perda de 212 quilos de açúcar em uma propriedade que produza 85 toneladas de cana’, registra o professor do Centro Universitário Moura Lacerda, em Ribeirão Preto, Alexandre de Sene Pinto, que coordena o estudo.

‘Se a broca atingir 10% de intensidade de infestação, o que não é difícil, serão 2.125 quilos perdidos. ‘Na produção do álcool, para cada 1% de intensidade de infestação ocorre perda de 0,20%,’, declara Sene Pinto.

Da Agência Imprensa Oficial

(AM)