Fapesp: Idade materna influencia no nascimento de gêmeos

Quanto mais tarde a mulher engravida, maior a possibilidade de ter gêmeos e trigêmeos

qui, 09/10/2003 - 11h30 | Do Portal do Governo

Da Agência da Fapesp
Por Kárin Fusaro

As paulistanas estão tendo filhos mais tarde, o que tem provocado o aumento do número de nascimento de gêmeos e trigêmeos. Uma pesquisa feita no Hospital Santa Catarina, em São Paulo, constatou que a idade média das mães influencia, inclusive, na incidência de gêmeos monozigóticos (idênticos) e dizigóticos (fraternos).

A geneticista Gloria Colletto, especialista em epidemiologia genética, estudou os 89.491 partos feitos no hospital de 1979 a 1998. Do total, 88.530 foram partos únicos, em 935 deles nasceram gêmeos e 26 foram de trigêmeos.

Nos vinte anos pesquisados foi constatado o aumento da taxa de gêmeos e trigêmeos. Em cada mil partos, a incidência de gêmeos subiu de 1% para 1,3% enquanto o número de trigêmeos passou de aproximadamente 0 para 0,6% no período.

“Algumas causas possíveis são a elevação da idade materna e o aumento da utilização de técnicas de fertilização assistida”, disse Gloria à Agência FAPESP. De acordo com a pesquisadora, em gestações múltiplas as mulheres mais jovens tendem a gerar gêmeos monozigóticos enquanto as mais velhas gestam bebês dizigóticos.

Segundo Colletto, a idade média das mães que tiveram partos únicos passou de 27,7 para 30,4 anos. Já a média etária das mães de gêmeos passou de 28,1 para 31,2 anos. A classe social também influencia na incidência do nascimento de gêmeos e trigêmeos. Nas classes socieconômicas mais elevadas, as mulheres costumam ter filhos mais tarde e recorrer a métodos de inseminação artificial, o que sabidamente provoca gestações múltiplas.

A pesquisa revelou um fato até então inédito na literatura científica especializada. De acordo com a pesquisadora, nas mães de 31 a 35 anos, a partir da quarta gravidez, foi constatado o nascimento de uma grande proporção de gêmeos monozigóticos ou idênticos. “Uma das hipóteses é que o consumo de pílulas anticoncepcionais a longo prazo pode ser responsável pela divisão do zigoto”, disse Colletto.

O trabalho foi publicado na revista Genetics and Molecular Biology e pode ser lido na biblioteca eletrônica SciELO.

Mais informações podem ser obtidas no site www.agencia.fapesp.br
V.C.