Fapesp: Guerra biológica contra as pragas

Pesquisa tem como objetivo promover a agricultura sustentável

ter, 25/11/2003 - 10h27 | Do Portal do Governo

Da Agência de Notícias da Fapesp
Por Thiago Romero

Três novos produtos desenvolvidos pela equipe do Laboratório de Controle Microbiano do Setor de Entomologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, têm se mostrado capazes de promover a agricultura sustentável por meio do controle eficaz de diversas pragas e doenças.

São os bioinseticidas Metarril (Metarhizium anisopliae) e Boveril (Beauveria bassiana), que atuam contra insetos e ácaros, além do Trichodermil ( Trichoderma spp.), um fungo eficaz contra outros fungos específicos que causam doenças na agricultura. Segundo os cientistas da Esalq, esses produtos diminuem os riscos da intoxicação do produtor rural e das contaminações dos alimentos e do ambiente causadas pelo uso exagerado de agrotóxicos.

O Metarril e o Boveril são inseticidas biológicos formulados com isolados de fungos que ocorrem na natureza infectando insetos. “Essas formulações biológicas atuam por contato, causando doenças nos insetos. O fungo penetra no inseto, colonizando seus órgãos internos, onde são liberadas toxinas que levam a praga à morte”, disse Sérgio Batista Alves, professor titular da Esalq, em entrevista à Agência Fapesp. Já o Trichodermil, explica o cientista, atua como antagonista, evitando a ocorrência de outros fungos em determinada região.

As principais culturas agrícolas de atuação do Metarril e Boveril são morango, citros, cana de açúcar, hortaliças, seringueiras e floricultura. O Trichodermil atua contra doenças do solo, em especial no tratamento de grãos e sementes.

A justificativa para a criação dos novos produtos foi o elevado custo de desenvolvimento de um agrotóxico, que, segundo Alves, varia de US$ 35 milhões a US$ 270 milhões por produto, além da poluição dos alimentos e do ambiente.

O controle feito pelo uso dos agrotóxicos representa um amplo mercado para as indústrias químicas, que faturam em todo o mundo mais de US$ 27 bilhões por ano. Apenas o Brasil, terceiro maior consumidor mundial, gasta cerca de US$ 2 bilhões anuais.

A Esalq idealizou os três produtos em um projeto científico realizado em parceria com a empresa Itaforte Bioprodutos.

Mais informações podem ser obtidas no site www.agencia.fapesp.br
V.C.