Fapesp: Estudos demonstram que dieta e exercício ajudam a reduzir a pressão e o diabetes

'O exercício físico deve ser programado e feito com regularidade, respeitando a capacidade física e cardíaca de cada pessoa', afirma Negrão, responsáv

sex, 12/12/2003 - 19h54 | Do Portal do Governo

Deitada em uma maca, a psicóloga Eliana Sales das Dores aguarda ansiosa enquanto o fisiologista Carlos Eduardo Negrão espeta em sua perna direita, perto do joelho, uma agulha mais fina que um fio de cabelo, de uns 4 centímetros de comprimento. A agulha é um microeletrodo que vai detectar os impulsos nervosos que trafegam por um dos nervos responsáveis pela contração muscular e pelo controle do diâmetro dos vasos sangüíneos. Paulistana de 42 anos, 1,60 metro e então com 78 quilos (hoje com 58), Eliana mal percebe a picada da agulha – dizem que é menos incômoda que a de um pernilongo – em meio à movimentação dos outros pesquisadores, que colocam em seu braço esquerdo duas bolsas infláveis, uma logo acima do cotovelo e outra no punho.

Entre o cotovelo e o punho, uma faixa elástica registra o volume de sangue que passa pelo antebraço. Em seguida, pedem para ela aproximar, com a mão direita, as hastes de um dinamômetro, uma mola em forma de V que mede a força aplicada ao movimento.Por meio de exames como esses realizados ao longo dos últimos três anos, uma equipe da Universidade de São Paulo (USP), coordenada por Negrão e pela endocrinologista Sandra Villares, descobriu algumas alterações fisiológicas do organismo dos obesos que explicam por que as pessoas com excesso de peso são mais propensas a desenvolver pressão alta – hipertensão – do que as que estão em paz com a balança.

Nos obesos, os comandos nervosos que levam à redução do diâmetro dos vasos sangüíneos dos braços e das pernas estão mais ativos. Por essa razão, as artérias permanecem mais fechadas, sem se dilatarem, e o sangue não se espalha pelos músculos como seria desejado durante uma atividade mental ou física de intensidade moderada – uma corridinha até o carro num dia de chuva, por exemplo -, ou mesmo em repouso. E, como nessas horas o coração bate mais rápido, a resistência dos vasos sangüíneos contraídos faz a pressão subir acima do esperado.

Como se não bastasse, as pessoas com o peso acima do recomendado vivem outro problema: o organismo delas não consegue utilizar, com a eficiência desejada, o hormônio insulina, que extrai o açúcar (glicose) do sangue e o leva até as células dos músculos e dos outros tecidos, onde é convertido em energia. Essa é a razão pela qual quem é gordo está mais sujeito queos magros ao diabetes tipo 2, que amplia o risco de problemas na circulação capazes de afetar o coração ou o cérebro. Analisados em conjunto, esses estudos trazem uma notícia animadora: a perspectiva de prevenir e mesmo tratar tanto a hipertensão como a resistência à insulina. Esses dois problemas afligem cada vez mais pessoas em conseqüência do aumento do número de obesos no país, que cresceu mais de duas vezes nas duas últimas décadas – hoje, 17 milhões de brasileiros estão com o peso bem acima do considerado saudável.

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Ricardo Zorzetto e Francisco Bicudo – Revista Fapesp