Fapesp: Estudo dimensiona a tensão gerada por imagens violentas

Estudo registrou também aumento da tensão muscular

ter, 29/11/2005 - 20h47 | Do Portal do Governo

Ver um bebê dormindo ou um rosto feliz, que transmita paz, pode provocar relaxamento físico ou despertar o desejo de aproximação. Inversamente, imagens de mortos ou de corpos feridos causam tensão e acionam reações de defesa, como se estivéssemos diante de um perigo iminente, de acordo com um estudo coordenado pela neurobióloga Eliane Volchan, professora do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Eliane e seu grupo chegaram a conclusões como essas após realizar um experimento no qual 48 homens observavam 72 imagens divididas em três categorias: a primeira era das cenas positivas, compessoas nadando, correndo, jogando bola ou praticando esportes de modo geral; a outra era das neutras, com fotos de objetos inanimados como um telefone, um hidrante ou uma batedeira de bolo; e a terceira eram das imagens negativas, com corpos de pessoas sem braços ou pernas, mortas ou com ferimentos graves.

Os participantes desse estudo permaneciam em pé, com os pés juntos e descalços e os braços estirados ao longo do corpo, sobre uma base metálica, chamada plataforma de força. Esse dispositivo, semelhante a uma balança, registra as oscilações do corpo diante das imagens, exibidas sucessivamente por três segundos na tela de um computador, sem nenhum intervalo entre elas.

Neste trabalho, realizado por Tatiana Azevedo sob a orientação de Eliane, em conjunto com pesquisadores do Instituto de Biofísica e da Escola de Educação Física da UFRJ, os sutis movimentos do corpo registrados pela plataforma, somados à variação da freqüência dos batimentos cardíacos, revelaram as mudanças na postura corporal causadas pelos três grupos de imagens.

Entre os resultados, publicados em maio na revista Psychophysiology , o que mais chama a atenção é que as cenas de desastres ou de mutilações provocaram imobilidade: diante delas os observadores oscilavam menos para os lados do que quando estavam em frente das imagens neutras ou prazerosas.

Registrou-se também aumento da tensão muscular – o chamado freezing ou congelamento, já investigado em roedores e agora confirmado em seres humanos.“O período de imobilidade e tensão é caracterizado pelo aumento de atenção e de vigilância e pela redução da freqüência de batimentos cardíacos, como se o observador se sentisse diante de um perigo iminente”, comenta Eliane.

Carlos Fioravanti – Agência Fapesp

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