Fapesp: Empresa fabrica suplementos alimentares com matéria-prima extraída de crustáceos

Substâncias benéficas presentes nos rejeitos dos crustáceos são a quitina e a quitosana

qua, 14/04/2004 - 20h06 | Do Portal do Governo

Cabeça de camarão, casca de lagosta e carapaças de caranguejo, abundantes e rejeitadas pela indústria pesqueira do Ceará, não têm mais o lixo como destino final. Elas são transformadas em suplementos alimentares, na forma de cápsulas e comprimidos, que funcionam como coadjuvantes na redução do colesterol, na perda de peso e no controle de doenças como a artrose. As substâncias benéficas presentes nos rejeitos dos crustáceos são a quitina e a quitosana, dois biopolímeros que possuem propriedades químicas e biológicas importantes. Segundo estudos realizados nos Estados Unidos e no Japão, a quitosana promove a captura e a eliminação de gorduras por meio de um mecanismo de excreção de ácidos biliares. Além da área da saúde, a quitosana é utilizada em processos de purificação e tratamento de água, na manufatura de lentes de contato e no ramo cosmético, como ingrediente na fabricação de xampus, loções e cremes protetores.

Os biopolímeros extraídos dos crustáceos são a razão do sucesso da empresa cearense Polymar. Ela já possui 11 patentes de produtos e processos que envolvem a quitina e a quitosana. Entre elas estão uma técnica desenvolvida na empresa para a obtenção dessas substâncias, os próprios alimentos funcionais com formulação e metodologia de processamento e uma membrana para uso na regeneração de tecidos e nas cicatrizações. Uma das inovações, também patenteada, desenvolvida pela Polymar, está no reaproveitamento de um dos reagentes usados para a extração da quitina e na obtenção da quitosana, o hidróxido de sódio.

‘A reutilização dessa substância química é perfeita dos pontos de vista ambiental e econômico, porque, além de eliminar os resíduos, o custo final de produção é reduzido em cerca de 60%’, diz o químico Alexandre Cabral Craveiro, vice-presidente da empresa. Por esse desenvolvimento, a Polymar recebeu, em 1999, o prêmio nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Pelos resultados alcançados nos últimos seis anos, a empresa recebeu duas premiações de peso no quesito inovação tecnológica em 2003: o de pequena empresa da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e de empresa graduada da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (Anprotec), que reúne as incubadoras e parques tecnológicos do país.

Lucília Atas – Revista Fapesp

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