Fapesp: Brasil integra esforço mundial para desenvolvimento de 7 novas drogas

Atenção à pobreza

qui, 09/10/2003 - 13h02 | Do Portal do Governo

Da Agência da Fapesp
Por Lucília Atas

Entre 1975 e 1999, apenas 15 novos produtos foram desenvolvidos para o tratamento da tuberculose e de doenças tropicais como o mal de Chagas, a malária, a leishmaniose e a doença do sono. Em comparação, no mesmo período, surgiram 179 novas drogas somente para atender os portadores de doenças cardiovasculares. Vale registrar que tanto aquelas doenças – negligenciadas, para as quais o tratamento, quando existe, é inadequado – como as cardiovasculares, respondem praticamente pelo mesmo percentual, em torno de 12% do número total de doenças do planeta.

O desenvolvimento de novas drogas para as doenças que afetam populações em países em desenvolvimento pouco interessa à indústria farmacêutica. Este imenso mercado, apesar de reunir cerca de 80% da população mundial, é pouco atrativo já que responde por apenas 20% das vendas globais de remédios. E este descaso é responsável pela morte de milhões de pessoas em todo o mundo.

Recentemente, graças à iniciativa da instituição humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), à qual se aliou a Organização Mundial da Saúde (OMS), começam a brotar os primeiros frutos de um programa focalizado no desenvolvimento de produtos inovadores – medicamentos e vacinas – para enfermidades como essas, cujo tratamento não figura no mapa das prioridades da indústria e que tampouco têm sido alvo de políticas públicas firmes e estruturadas.

Denominado Iniciativa de Drogas para Doenças Negligenciadas (cuja sigla é DNDi, em inglês), esse programa articula os esforços de instituições científicas, governamentais e privadas de vários países. Os investimentos previstos são da ordem de US$ 250 milhões para um prazo de 12 anos, período em que se calcula obter seis ou sete drogas novas registradas e um portfólio de oito projetos em desenvolvimento.

A proposta da MSF – bancada inicialmente com os recursos do prêmio Nobel da Paz, recebido pela organização em 1999 – é, basicamente, utilizar nessa iniciativa o mesmo padrão que a indústria farmacêutica adota na produção de drogas ‘rentáveis’, geralmente chanceladas pela chamada tecnologia de ponta. Isto é, desenvolver remédios que representem verdadeiras inovações para males antigos, muitos dos quais já não respondem aos medicamentos convencionais.

Doença e mercado

Os recursos iniciais para o período 2003-2004 giram em torno de US$ 20 milhões. Com o avanço da iniciativa, a expectativa é de que outros parceiros se juntem ao programa, tecendo, no campo da saúde, uma rede humanitária, científica e social talvez inédita no mundo.Típicas das regiões subdesenvolvidas do planeta, as doenças negligenciadas são geralmente ligadas à subnutrição e à falta de saneamento. Sob a ótica empresarial, não vale a pena investir tempo e dinheiro nessa seara: oretorno financeiro é muito baixo e, em certos casos, praticamente nulo.

Mais informações podem ser obtidas no site www.agenciafapesp.br
V.C.