Fapesp: Avanços na pesquisa médica do câncer salvam muitas vidas

Um em cada oito óbitos é provocado por tumores malignos

sex, 07/05/2004 - 22h01 | Do Portal do Governo

No Brasil rural da década de 1930, um recém-nascido tinha uma expectativa média de vida de menos de 40 anos e quase metade das mortes era causada por doenças infecto-parasitárias. De cada 37 óbitos, apenas um se devia ao câncer. No Brasil urbano do século 21, sete décadas mais tarde, os bebês exibem uma esperança de vida de 70 anos e menos de 5% das mortes entram na conta das moléstias infecto-parasitárias.

Um em cada oito óbitos é provocado por tumores malignos. Hoje, o câncer deixou para trás todas as causas de morte, a não ser os problemas cardiovasculares, basicamente ataques do coração e derrames, que, desde a década de 1960, lideram as estatísticas de óbitos. Em 2002, cerca de 400 mil novos casos de câncer foram registrados e quase 130 mil brasileiros morreram em razão da doença. Quatro de cada cinco vítimas fatais tinham mais de 50 anos, com ligeiro predomínio de baixas entre os homens.

As mortes por câncer representaram 13,2% de todos os óbitos do país, quase a metade do percentual atingido pelas vítimas fatais de problemas no aparelho circulatório. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde sediado no Rio de Janeiro, pouco mais de 2 milhões de brasileiros morreram da doença entre 1979 e 2002. Nesse período, as taxas ajustadas de mortalidade dos oito principais tipos de câncer no país – pulmão, estômago, mama, próstata, cólon e reto, esôfago, leucemias e colo do útero – mantiveram-se estáveis ou aumentaram na maioria dos casos.

Quedas significativas, em ambos os sexos, ocorreram somente com os índices de óbitos referentes ao câncer de estômago, tendência também verificada em outros países. ‘Estão em ascensão o câncer de mama, de pulmão em mulheres e de próstata’, afirma Gulnar Mendonça, coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca.

A elevação no número de óbitos não significa que todo tipo de câncer permanece incurável, como muita gente ainda acredita. No Hospital do Câncer – A. C. Camargo, de São Paulo, um dos centros nacionais de referência no tratamento da doença, por exemplo, dois terços dos cerca de 5 mil pacientes atendidos anualmente se curam. Isso sem se levar em conta idade, sexo, tipo de tumor ou estágio da doença que essas pessoas apresentavam no momento em que iniciaram o tratamento.

Índices semelhantes podem ser encontrados nos principais centros oncológicos do Brasil e de fora. Nos Estados Unidos, onde há muitas estatísticas, metade dos doentes de câncer vencia a doença 30 anos atrás.

Hoje, a taxa média chega a 63%. Para alguns, foi um progresso pífio, perto de reduções da ordem de 60% no número de mortes por infarto e derrame no mesmo período. Para outros, foi um avanço não desprezível. Um obstáculo na luta contra o câncer continua de pé: o processo de metástase, a disseminação das células anormais do tumor para outras partes do corpo além do local original em que elas apareceram. ‘As metástases são um divisor deáguas’, afirmaRicardo Brentani, presidente do Hospital do Câncer e diretor da filial paulista do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer. Contra elas, os recursos terapêuticos ainda são limitados e os prognósticos para os pacientes, reservados.

Marcos Pivetta – Agência Fapesp
C.A.

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