Fapesp: Alunos e professores de São Paulo se reúnem para celebrar repertório barroco

Cerca de 30 músicos vão se reunir no município de Prados durante 16 dias

sex, 28/05/2004 - 19h32 | Do Portal do Governo

Em meados de julho, cerca de 30 músicos abandonarão suas férias da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) para internar-se em Prados, pequena cidade 500 quilômetros distante da capital paulista, no interior de Minas Gerais. Durante 16 dias, eles serão parte da localidade.

Apresentarão recitais, tocarão com alguns dos 7.700 moradores e darão aulas de música para os interessados. Os eventos serão gratuitos, numa simbiótica interação entre a população e os músicos forasteiros. Entre uma atividade e outra, eles trocarão informações sobre antigas peças musicais sacras escritas por negros e mulatos, guardadas nos arquivos das velhas bandas mineiras. Ainda hoje é possível achar raridades do século 18 que não são tocadas há 200 anos. Em Prados, um parte do passado colonial brasileiro voltará à vida.Não será a primeira vez.

O Festival de Música de Prados ocorre anualmente desde 1977, sempre com o mesmo espírito de integração entre visitantes e moradores. Nenhum dos músicos ganha para participar. A FAPESP banca a maior parte dos custos de viagem e hospedagem de alunos e professores, mas não há, nem de longe, a publicidade que outros festivais têm. Aliás, não há publicidade nenhuma. O evento é conhecido apenas entre poucos estudantes e docentes da USP e em algumas cidades vizinhas de Prados, como São João del-Rei e Tiradentes.

‘Esse é talvez o único festival de música em que a população tem uma interação real com os músicos’, diz o maestro Olivier Toni, professor titular (hoje aposentado) e um dos fundadores do Departamento de Música da ECA (1970). Ele também ajudou a criar a Orquestra de Câmara de São Paulo (1956), a Orquestra Sinfônica Jovem Municipal de São Paulo (1968), a Escola Municipal de Música de São Paulo (1969), a Orquestra Sinfônica da USP (1972) e a Orquestra de Câmara da USP (1995). Toni foi o idealizador do evento de Prados e é, ainda hoje, seu principal motor.

A descoberta da cidade mineira foi resultado da curiosidade do pesquisador. O maestro e alguns alunos visitavam São João del-Rei em 1974 quando decidiram consultar o acervo da Sociedade Lira Sanjoanense. A instituição tem um arquivo musical com grande quantidade de originais e cópias de obras religiosas antigas produzidas na região e até uma boa coleção de outras cidades do país do tempo do Brasil Colônia. Surpresos com a excelência do material encontrado, o grupo pediu autorização da instituição para microfilmar o que fosse possível. À época, a equipe de Toni sempre levava um aparelho portátil de microfilmagem no porta-malas do carro quando se embrenhava em missões exploratórias por Minas Gerais em busca de originais pouco conhecidos. Nunca se sabia o que encontrariam em igrejas e sociedades seculares e convinha estar sempre preparados para não perder a viagem.

Neldson Marcolin – Agência Fapesp

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