Famílias deixam favela na Zona Oeste para morar em apartamentos

As famílias que moravam na Favela Anastácio, localizada no Parque São Domingos, Zona Oeste da Capital, começaram a ser transferidas neste domingo, dia 21, para um novo conjunto habitacional, implantado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). São 145 famílias que deixam de morar em um local com risco de desabamento e em condições precárias para serem proprietárias de apartamentos seguros, confortáveis e com área de lazer para as crianças.

O aposentado José Carlos dos Santos, 49 anos, traduz bem o que significa essa transferência. Em seu novo apartamento, Santos aguardava na cadeira de rodas a chegada do caminhão da CDHU, que traria sua mudança. “Não é só uma mudança de local. É uma mudança de vida. Antes me conheciam como favelado. Agora, eu passo a ter nome e endereço”, comparou.

Santos explicou que perdeu a perna esquerda por causa de um incêndio na Favela Anastácio. Durante a fuga do fogo, acabou perfurando a perna em um arame, causando infecção. “Acabei tendo de amputar a perna. Aqui não há risco de pegar fogo. Também não terei mais de conviver com ratos e baratas, nem com o medo de que o vento leve as telhas embora e a chuva molhe a minha família. E ainda terei conforto. Vai melhorar 100%”, disse.

O aposentado vai morar no andar térreo do conjunto habitacional, em um apartamento especialmente adaptado para receber portadores de deficiência. A entrega das chaves da nova moradia foi feita a Santos pelo governador Geraldo Alckmin, que elogiou a obra. “As unidades que abrigam pessoas portadoras de necessidades especiais possuem um banheiro um pouco maior, para permitir o deslocamento da cadeira de rodas. Também há todos os equipamentos necessários de adaptação para o uso do vaso sanitário e do chuveiro”, informou.

Os apartamentos da CDHU têm 45,46 metros quadrados de área privativa e contam com dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. O conjunto habitacional tem 8.490 metros quadrados e possui nove prédios, estacionamento privativo, centro comunitário, playground, área de lazer, paisagismo e toda a infra-estrutura. O investimento da CDHU nas obras foi de R$ 4 milhões.

Famílias já estão sendo transferidas

Até o dia 26 deste mês, todos os moradores da favela estarão instalados no Conjunto Habitacional. Alckmin destacou que a casa própria é o sonho de todas as famílias. “Eles terão qualidade de vida. Um lugar seguro, com água tratada e coleta de esgotos. E o conjunto habitacional foi implantado próximo de onde era a favela, então não implicará em grandes transtornos para os moradores”, analisou.

O governador também lembrou que este é o único Programa Habitacional do País que contempla famílias com renda mensal de apenas um salário mínimo. Para famílias com essa renda, a prestação mensal será de apenas R$ 36. Além disso, neste empreendimento, por entender que são famílias que enfrentam muitas dificuldades, nenhum morador pagará a prestação da CDHU nos primeiros seis meses. Todos também terão carência de dois meses nas contas de água e luz.

Programa já tirou 2.500 pessoas de favelas

O secretário da Habitação, Barjas Negri, disse que 2.500 pessoas já foram transferidas de favelas da Capital para os empreendimentos da CDHU, nos últimos 14 meses.

Ainda neste ano, o Governo do Estado deve iniciar a desativação da Favela Nassau, também na Zona Oeste, próxima ao Jaraguá. Negri informou ainda que, em todo o Estado, estão sendo implantadas 55 mil moradias. “E no ano passado entregamos 25 mil unidades”, ressaltou.

Outra novidade será a utilização da área onde estava implantada a Favela Anastácio para um projeto paisagístico, aumentando a quantidade de espaços de área verde na cidade de São Paulo e evitando novas ocupações.

Rogério Vaquero