Famílias de baixa renda terão bônus ambiental do Estado

Objetivo é diminuir a poluição nos rios da Grande São Paulo

qua, 22/09/2004 - 15h39 | Do Portal do Governo


O Governo do Estado vai iniciar estudos para viabilizar a ligação do esgoto das residências à rede coletora. O anúncio foi feito pelo governador Geraldo Alckmin, nesta quarta-feira, dia 22, durante passeio de barco no Tietê, no trecho próximo ao Cebolão, em comemoração ao Dia do Rio. O objetivo é diminuir a poluição nos rios da Capital, principalmente o Tietê e o Pinheiros.

De acordo com o governador, está sendo analisada a possibilidade da Sabesp, ao fazer a rede coletora, já realizar a ligação das residências. Uma das alternativas, que está sendo estudada juridicamente, é a possibilidade do Estado não cobrar essa ligação das famílias de renda muito baixa. A outra é realizar a cobrança direto na conta de água, em suaves parcelas. “As pessoas querem fazer a ligação. Quando o 13º salário é pago, aumentam muito os pedidos de ligação de esgoto, porque as pessoas têm dinheiro para fazer a adaptação do sistema sanitário da casa”, contou Alckmin.

Ele informou ainda que vai verificar a possibilidade de financiamento dessas ligações junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Estou pensando em, mais para o fim do ano, convidar o presidente do BID, Enrique Iglesias, para vir a São Paulo, porque ele mesmo colocou que esse é um dos maiores projetos do mundo em termos de saneamento básico e recuperação ambiental”, destacou o governador.

Alckmin anunciou ainda que as fiscalizações da agência ambiental do Estado, a Cetesb, às empresas que jogam esgoto no Tietê serão feitas também nos fins de semana e feriados. “Às vezes, as indústrias esperam o fim de semana para fazer a descarga”, disse.

Ele destacou que, embora a população ainda não consiga perceber, a poluição do Tietê está diminuindo. Ele informou que a mancha de poluição recuou 120 quilômetros. “É difícil para o paulistano acompanhar essas obras e entender, porque ele olha o rio e vê que está bastante poluído. Mas a melhor forma de monitorar é verificar o recuo da mancha de poluição, que já havia passado o município de Conchas e estava perto de Barra Bonita. Hoje, se tem peixe em Salto. A mancha de poluição recuou mais de 100 quilômetros. É perseverar nesse trabalho, tratando esgoto, coletando esgoto”.

O governador também ressaltou que, para ajudar na despoluição do rio, há a necessidade dos municípios de toda a Região Metropolitana de São Paulo tratarem esgoto. Ele lembrou que em muitas dessas cidades, o tratamento de esgoto é próximo a zero.

Nos municípios atendidos pela Sabesp na Região Metropolitana, a coleta de esgoto se aproxima de 100%, sendo 80% tratado.

Aprofundamento da calha

Além do esforço para a despoluição do rio, o Estado está realizando obras de aprofundamento da calha, no trecho que vai do Cebolão até a Barragem da Penha. Essa obra consiste no aprofundamento do rio, numa média de 2,5 metros, dobrando a capacidade de vazão. O objetivo é eliminar as enchentes nessa região nos períodos de chuva. Essa obra conta com financiamento do Japan Banck for International Cooperation (JBIC) e deve ser concluída até maio do ano que vem.

De acordo com o secretário do Meio Ambiente, José Goldemberg, essa obra também contribui com a despoluição do rio, já que aumenta a correnteza, ajudando a impedir a acumulação de detritos vindos dos afluentes.

O Tietê também vai ganhar um jardim, com 25 quilômetros de extensão de cada lado, totalizando 50 quilômetros de Mata Atlântica, pelo Projeto Pomar. Isso será possível porque o material assoreado, lama e sujeira passará a ser transportado por barcaças, na eclusa do Cebolão que já está funcionando. Esse material era retirado do rio por dragas, que colocavam nas margens e, durante a madrugada, era transportado por caminhões.

Educação ambiental

Alckmin destacou que a educação ambiental é outro fator essencial para a despoluição do rio. Ele lembrou que 20% da sujeira do Tietê não é proveniente de esgoto, mas de poluição difusa. “É preciso limpar as cidades, porque quando chove e a cidade está suja, essa sujeira vai para o rio”, disse. Ele informou que o Estado está promovendo educação nas escolas, com os estudantes e as famílias, para que saibam que ao jogar coisas no chão, estarão poluindo o rio.

“O melhor a fazer é monitorar o rio e chamar a sociedade civil para acompanhar, para se ver quais são os problemas, os resultados, as conquistas. O Rio Tietê é o símbolo de São Paulo. A cidade nasceu em torno do Tamanduateí e do Tietê, no chamado Planalto de Piratininga. É o rio que percorre todo o Estado. Ele não vai para o mar, vai para o Interior. É o rio da energia elétrica, das hidroelétricas, da hidrovia Tietê-Paraná, que abastece muitas cidades, responsável pela irrigação. O rio é vida”, afirmou o governador.

O diretor da Organização não-governamental SOS Mata Atlântica e coordenador do Núcleo Pró-Tietê, Mário Mantovanni, destacou que a sociedade civil participa do monitoramento do Tietê. Ele contou que acompanha todo o cronograma das obras. Ele elogiou a continuidade por Alckmin das obras iniciadas na gestão de Mário Covas.

Mantovanni lembrou ainda que a lei que estabeleceu o Dia do Rio Tietê e a Semana de Prevenção do Rio foi sugerida pela sociedade civil e implementada, em 2002, pelo governador Geraldo Alckmin.

Cíntia Cury