Exposição: Museu de Arte Sacra reconta o barroco com altares paulistas

Abertura da exposição será dia 19 de dezembro

ter, 14/12/2004 - 21h20 | Do Portal do Governo

Quando o tema é barroco brasileiro, a primeira imagem que vem à cabeça é o mineiro ou o baiano, ricos graças à farta presença de minas de ouro e à posição de capital do Brasil ocupada pela Bahia. Em nenhum momento, certamente, surge alguma referência ao paulista. Compreensível, já que era um tanto desprezado e bem mais pobre e escolheu outros caminhos para se destacar e impor. Usou e abusou da cor. Mas essa é uma descoberta recente.

Uma mostra desse rico patrimônio artístico é a exposição Altares Paulistas Resgate de Um Barroco, que será inaugurada dia 18 de dezembro,às 11 horas, no Museu de Arte Sacra. O evento reúne, pela primeira vez, cinco retábulos de diferentes regiões do estado, que contam um pouco da história do barroco paulista. Retábulo é uma construção de madeira, mármore, ou de outro material que fica por trás e/ou acima do altar e que, normalmente, contém um ou mais painéis pintados ou em baixo-relevo.

Se, por um lado, o barroco paulista não primava pela dimensão e pela excessiva riqueza, tinha outros recursos como a imensa diversidade de cores – com vermelhos, azuis e verdes em profusão. Integram a mostra os altares de Nossa Senhora da Luz, originalmente pertencente à estrutura da edificação do complexo Mosteiro Imaculada Conceição da Luz; Antiga Matriz de Santo Amaro (dois exemplares); Fazenda São Mathias, em Ilha Bela; e o da Capela da Fazenda de Piraí, da região de Itu.

Os retábulos pertencem ao final do século XVII e começo do século XVIII e podem ser vistos em sua pintura original. Em todos nota-se uma aparência que imita o mármore em vários tons de vermelho, azul, rosa, ouro e prata. A mostra permite conhecer e reconhecer o barroco paulista. Isso se tornou possível porque, através das prospecções realizadas nas obras foi possível se chegar às primeiras camadas de pinturas.

Júlio de Moraes, responsável pelo restauro, considera que este trabalho vem acrescentar uma redescoberta que está sendo feita nos últimos anos em relação ao barroco paulista. “Embora tenha havido muitas demolições a partir do século XIX e só restaram sete igrejas coloniais, mas com um bom material, parte do qual será visto pela primeira vez a partir desta exposição”, observa.

Outro ponto importante a ser ressaltado é o trabalho integrado entre a equipe de restauradores, do Museu e de historiadores renomados como Aracy Amaral, Carlos Lemos, Percival Tirapeli, José Roberto Teixeira Leite, Mozart Bonazzi e Benedito Lima de Toledo, que colaboraram na análise, estudo e pesquisa destas obras.

“Nos meus trinta anos de experiência como restaurador, só me lembro de um trabalho que envolveu um grande técnico do IPHAN. Na maioria das vezes as peças são restauradas apenas com o ponto de vista do recuperador. Aqui, as obras foram reinterpretadas pelos historiadores, que nos ajudaram nas opções do restauro propriamente dito”, destaca Júlio de Moraes.

Um dos altares da exposição, o do Mosteiro da Luz, foi resgatado na presença do público. “É um restauro democrático”, explica Júlio de Moraes. O Museu de Arte Sacra realizou este importante resgate através do projeto Museu a céu Aberto, que tem o patrocínio da Fundação BNP – Paribas Brasil.

Mostra de lampadários

Haverá também a Mostra de Lampadários. Trata-se do segundo maior acervo de lampadários do mundo em variedade, atrás apenas do existente no Museu do Vaticano. A coleção, que pertence ao Museu de Arte Sacra, é composta por 20 lampadários de origens italiana, portuguesa e brasileira, provenientes de igrejas de Sant’Ana do Parnaiba, do Embu e da capital paulista. Um dos destaques é a peça que Dom Pedro I presenteou à antiga Catedral da Sé de São Paulo.

Usados desde a idade média, ao lado dos sacrários, os lampadários indicam a Presença Divina durante a cerimônia. São peças que, presas ao teto ou a um braço, por meio de correntes, emanam focos de luz cuja finalidade litúrgica é mostrar a verdade evangélica na qual Deus se revela como “A Luz do Mundo”.

Local: Museu de Arte Sacra – Av. Tiradentes, 676 Luz – 11 3326.1373
Data: terça a domingo, das 11h às 19h
Abertura: 19 de dezembro
Ingressos: R$ 4,00

Da assessoria da Secretaria da Cultura
C.A.