Exportações paulistas batem recorde com crescimento de 38,6% em 12 meses

Dos US$ 100 bilhões exportados pelo Brasil, US$ 32 bilhões são de produtos paulistas

qui, 03/03/2005 - 20h32 | Do Portal do Governo

As exportações paulistas nos últimos 12 meses (de março de 2004 a fevereiro deste ano) atingiram US $ 32,5 bilhões, batendo um recorde histórico nos embarques efetuados ao exterior, com um aumento de 38,6%. No mesmo período, o total das exportações brasileiras atingiu US$ 100 bilhões, com um crescimento de 33,8%, inferior ao crescimento paulista.

“Isso significa que um terço das vendas brasileiras ao mercado externo são de produtos paulistas”, afirmou o secretário João Carlos de Souza Meirelles, ao apresentar oficialmente as estatísticas das relações comerciais de São Paulo, nesta quarta-feira, dia 3, durante evento em que o governador Geraldo Alckmin anunciou investimentos no corredor de exportação Campinas-Vale do Paraíba-São Sebastião.

Outro item importante que comprova o crescimento das exportações paulistas tem como base o mês de fevereiro deste ano: o crescimento foi de 41,4% em relação a fevereiro de 2004. O crescimento do Brasil, no período, foi de 35,5%. Os dados serão divulgados oficialmente pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, no próximo dia 15.

Para o secretário Meirelles, os números são extremamente positivos, especialmente em razão do crescimento das exportações de produtos de maior valor agregado. “Mais de 80% de nossas exportações são de produtos manufaturados, como automóveis, aviões, máquinas e equipamentos e produtos alimentícios totalmente industrializados.”

Com relação ao agronegócio, Meirelles acentuou que as exportações vão bem em termos de volume e qualidade, mas mal em termos de preços internacionais, com a queda das cotações de commodities no segundo semestre de 2004. “Com isso, estamos exportando cada vez mais e recebendo cada vez menos”. O secretário queixou-se do “chamado modelo de manutenção de subdesenvolvimento, em que as nações ricas do mundo, durante os últimos 500 anos, mantiveram esse esquema que induz ao aumento de produção e depois reduzem o preço, para importar cada vez mais volume e manter os países em subdesenvolvimento.”

Na sua avaliação, o modelo paulista é que precisa ser seguido, “ou seja, agregar valores, gerar empregos e deixar de ser cotado em Chicago, mas sim em Santos, São Paulo, Campinas.” Meirelles acredita, por outro lado, que São Paulo deve manter, em 2005, o mesmo PIB de 7,3%, do ano passado, “apesar da política equivocada do governo federal de manter os juros altos.” O PIB brasileiro em 2004 foi de 5,2%.

O assessor especial de Comércio Exterior do governo paulista, Flávio Musa de Freitas Guimarães, avalia que se o nível de crescimento das exportações paulistas ficar no mesmo ritmo, o Estado poderá fechar o ano com US$ 42 bilhões em exportações. “A meta da atual gestão, de chegar a um aumento de 50% em quatro anos, foi superada em dois anos”, lembra, assinalando que vários programas de incentivo ao comércio exterior foram recentemente implantados e devem produzir números ainda mais positivos.

Musa ressalta ainda que sem a participação das exportações realizadas por São Paulo, o crescimento das exportações brasileiras seria de apenas 22,8%. “Nosso desejo é de que todos os Estados cresçam com a mesma força. Claro que as receitas são peculiares a cada Estado, mas políticas coordenadas e sólidas estão na base de qualquer programa eficaz. Ele acrescenta que mesmo com o resultado de US$ 100 bilhões, o Brasil representa apenas 1% do comércio internacional, “o que é muito pouco, mesmo porque chegamos a representar 2%.” Otimista, Musa afirma que a meta é voltar aos 2% para, em quatro ou cinco anos, atingir 5%.

Agronegócios

Outra constatação importante no comércio exterior aponta que as exportações do agronegócio paulista aumentaram 29,3% no primeiro mês de 2005, em relação ao mesmo período do ano passado. O Instituto de Economia Agrícola – IEA, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, constatou que os embarques do agronegócio em janeiro deste ano somaram US$ 750 milhões e, como as importações atingiram US$ 290 milhões (acréscimo de 3,6%), o saldo foi de US$ 460 bilhões, o que representou crescimento de cerca de 53% sobre o primeiro mês de 2004.
Este resultado colaborou para que a balança comercial paulista registrasse superávit de US$ 230 milhões.

“Os números desse último levantamento atestam, mais uma vez, a importância do agronegócio paulista para o superávit da nossa balança comercial. No total brasileiro, as exportações agrícolas cresceram cerca de 11%, enquanto São Paulo, em janeiro deste ano, embarcou 29,3% mais que o primeiro mês de 2004”, disse o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Duarte Nogueira.

De acordo com o IEA, se comparados o comércio exterior do agronegócio paulista com o do agronegócio brasileiro, as exportações de São Paulo representaram 27,5%, cerca de 3,9 pontos percentuais a mais do que em mesmo período de 2004. As exportações do agronegócio brasileiro cresceram 11% em relação ao primeiro mês de 2004, atingindo US$ 2,73 bilhões (36,7% do total). Já as importações do setor subiram 2,6%, somando US$ 780 milhões (14,8% do total). O superávit do agronegócio nacional foi de US$ 1,95 bilhão, 14,7% superior ao de janeiro do ano anterior.

Os números de 2004

De acordo com o quadro consolidado sobre o comércio exterior brasileiro em 2004 que o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior acaba de divulgar , São Paulo exportou US$ 31.039 bilhões, com um aumento de 34,5% em relação ao ano anterior. No mesmo período, importou US$ US$ 27.094 bilhões, com um saldo de US$ 3.945 bilhões na balança comercial. Na comparação, o Brasil exportou US$ 96.475 bilhões, com um aumento de 32%.

Os principais países de destino das exportações paulistas em 2004 foram, pela ordem, Estados Unidos, Argentina, México, Chile, Alemanha, Países Baixos, Itália, China, Venezuela e Bélgica. Um fato que se destaca é o crescimento de 240% das exportações para a Índia. Entre os itens que registraram maior participação e crescimento destacam-se aviões, helicópteros, automóveis, açúcar de cana, carne e couro bovinos, suco de laranja, ferro e aço, maquinas, aparelhos elétricos, soja e álcool.

Os países que mais venderam ao Estado de São Paulo foram, pela ordem, Estados Unidos, Alemanha, Argentina, Nigéria, Japão, China, França, Coréia do Sul, Itália e Argélia.

Esforço Exportador

Dentro da meta de aumentar em 50% as exportações de São Paulo foi criado um conjunto de programas de incentivo às exportações, principalmente às micro, pequenas e médias empresas. Um deles é a Central de Atendimento ao Exportador – CAE, parceria do governo do Estado a BM&F para solucionar dúvidas das micro e pequenas empresas que não podem arcar com os custos de um serviço de consultoria. É composta de um call-center, portais na internet e um núcleo de consultoria.

Outro programa importante é o Centro de Logística de Exportação – Celex, em franca implantação em uma área construída de 30 mil metros quadrados, no início da Rodovia dos Imigrantes. Conhecido como o Poupatempo da Exportação, foi criado para reunir em único local todos os serviços públicos necessários para viabilizar as vendas ao exterior, além de área de exposições e rodadas de negócios.

“A criação de organismos como o Conselho Estadual de Relações Internacionais e Comércio Exterior, do seminário “São Paulo ExportAÇÃO”, do Celex, de programas como “Exporta, São Paulo”, “Espaço São Paulo”, “Catálogo do Exportador Paulista”, além de seminários específicos de orientação e incentivo , começam a dar seus frutos, resultando em taxas de crescimento crescentes nas exportações paulistas”, comemora Flávio Musa.

Takao Miyagui