Estudo: Pesquisa orientada por docente da UNESP fica em 3º lugar em congresso de bioquímicos

O objetivo do trabalho foi comparar metodologias aplicadas no diagnóstico de hemoglobinas

ter, 15/10/2002 - 20h14 | Do Portal do Governo

O sangue utilizado para transfusão precisa ser analisado antes de ser liberado, para que sejam detectados possíveis problemas que possam colocar em risco a saúde do receptor. Um dos componentes do sangue, a hemoglobina, pode apresentar formas anormais, chamadas de falciformes ou hemoglobina S.

O sangue contendo hemoglobina S não deve ser administrado, entre outros casos, em cirurgias cardíacas e pulmonares. O teste mais utilizado nos hemocentros para detectar essa anomalia, no entanto, não possui a sensibilidade necessária para acusar a presença dessas hemoglobinas.

‘É um problema que coloca em risco a saúde da população’, diz a geneticista Cláudia Regina Bonini Domingos, docente do programa de Pós-Graduação do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da UNESP, campus de São José do Rio Preto.

A insensibilidade do Microteste de Solubilidade ou Teste da Mancha para detectar hemoglobinopatias é a conclusão da dissertação de mestrado da farmacêutica e bioquímica Patrícia Helena Oliveira Calderan, orientada por Cláudia.

A pesquisa ‘Estudo comparativo entre a sensibilidade dos testes seletivos para detecção de hemoglobinopatias e o microteste de solubilidade na triagem de hemoglobinas S em doadores de sangue’ foi classificada em terceiro lugar no Congresso Mato-Grossense de Farmacêuticos Bioquímicos, realizado em Cuiabá, em agosto passado. Patrícia é coordena o Laboratório de Hematologia da Universidade de Cuiabá (Unic), que possui uma parceria com o Laboratório de Hemoglobina e Genética das Doenças Hematológicas do Ibilce, do qual Cláudia é coordenadora.

O objetivo do trabalho foi comparar metodologias aplicadas no diagnóstico de hemoglobinas falciformes em bancos de sangue e também realizar diagnóstico laboratorial das hemoglobinas de doadores. ‘Como ficou provado que o microteste de solubilidade não fornece um diagnóstico seguro, em seu lugar deveriam ser utilizados os exames seletivos e específicos para a detecção de hemoglobinopatias, como o de resistência osmótica e a eletroforese em acetato de celulose, que apresentaram maior abrangência nos resultados’, esclarece Cláudia.

A conclusão do estudo ressalta a necessidade de se implantar no País programas preventivos para hemoglobinas alteradas. Segundo a orientadora, ‘o trabalho é muito importante, pois mostra que ainda existe muito a ser feito para melhorar a qualidade de vida dos portadores de hemoglobinopatias e a qualidade do sangue a ser transfundido’.