Estudo: Municípios devem implantar ações para incentivar amamentação

Organização Mundial de Saúde orienta que as crianças devem ser amamentadas exclusivamente com leite materno até o 6º mês

qua, 13/08/2003 - 21h04 | Do Portal do Governo

A implantação de programas de incentivo à amamentação nos municípios pode mudar radicalmente o quadro do desmame precoce. Uma pesquisa inédita realizada com 34.435 crianças de 111 municípios do Estado de São Paulo indicou que apenas 13,9% delas são amamentadas exclusivamente com leite materno na faixa etária de 0 a 6 meses.

O estudo buscou analisar quais fatores individuais e contextuais estão envolvidos na amamentação exclusiva no primeiro semestre de vida.

A Organização Mundial de Saúde orienta que as crianças devem ser amamentadas exclusivamente com leite materno até o sexto mês. O aleitamento deve continuar até os dois anos de idade como um complemento da alimentação. A prática reduz as chances de mortalidade e oferece proteção máxima contra doenças, principalmente diarréia e infecções respiratórias.

As ações analisadas no estudo (oito no total) constam no Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno, do Ministério da Saúde: treinamento dos profissionais envolvidos em aleitamento materno, existência de Hospital Amigo da Criança (no momento do parto), Bancos de Leite, realização de atividades na semana de amamentação, políticas públicas de aleitamento (iniciativas municipais), monitorização da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes, equipe multiprofissional que trabalhe na promoção do aleitamento e atividades de pesquisa sobre aleitamento materno. ‘Todos os profissionais envolvidos devem ser orientados: obstetras, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e enfermeiras’, afirma Sônia Venâncio.

O estudo mostrou que em municípios com cinco ações de incentivo, 22,4% das crianças recebem aleitamento exclusivo no primeiro semestre de vida. A inexistência de programas faz esse índice cair pela metade: 10,2%. Em municípios com quatro ações, o índice é de 21,5%; três ações levam ao percentual de 12,4%.

Segundo a pesquisadora, entre os fatores relacionados à mãe que levam ao desmame precoce, estão o baixo nível de escolaridade; a paridade (primeiro filho) e a idade (jovens até 20 anos). Em relação à criança, os meninos têm menos chance de serem amamentados exclusivamente até o sexto mês, pois ‘as mães acreditam que eles necessitam de um complemento alimentar’. O baixo peso ao nascer, a utilização do Sistema Único de Saúde (SUS) e uma baixa condição sócio-econômica da família também são fatores negativos em relação à amamentação exclusiva.

SUS como fator de proteção

Sônia relata que nas localidades onde há várias ações voltadas ao aleitamento exclusivo, as crianças atendidas pelo SUS têm mais chances de serem amamentadas exclusivamente com leite materno até o sexto mês de vida em relação àquelas que utilizam o sistema privado. ‘Isso mostra o potencial da existência de políticas de aleitamento materno até para reduzir o risco de desmame conferido por fatores que prejudicariam a amamentação exclusiva.’ O mesmo fenômeno acontece quando as mães tem baixa escolaridade. ‘A orientação dos profissionais envolvidos colabora para que essas mulheres mudem o comportamento.’

O estudo de Sônia Venâncio faz parte de um projeto desenvolvido desde 1998 no Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde que tem por objetivo identificar a população vulnerável ao desmame precoce para que os municípios possam intervir. Os dados para a elaboração da pesquisa foram obtidos em 1999 e coletados em dias de vacinação.

Mais informações: (011) 3293-2278 ou e-mail soniav@isaude.sp.gov.brcom Sônia Venâncio

Valéria Dias
C.A