Estudo da USP sugere programas de preparação para trabalhador que vai se aposentar

Trabalhador terá mais facilidade para lidar com a nova rotina imposta pela aposentadoria

qua, 07/05/2003 - 10h30 | Do Portal do Governo

Da Agência de Notícias da USP
Por Beatriz Camargo

‘O funcionário tem a vida regrada totalmente pelo trabalho: horários, férias, tudo. Quando se aposenta, ele se torna dono de seu próprio tempo, precisa aprender a administrá-lo’

Para 42% dos trabalhadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, a aposentadoria representa ‘um triste quadro’ quando não vem acompanhada de um projeto de vida. A constatação foi feita pela assistente social Maria Lúcia Martuscelli Beger. Ela entrevistou 23 funcionários de nível básico da Faculdade com mais de 40 anos, contratados pelo regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). ‘As falas vinham sempre acompanhas de justificativas. Era triste porque a pessoa estava parada, mas, por outro lado, consideravam-na uma grande vencedora por ter atingido a aposentadoria’, ressalta Maria Lúcia.

‘O funcionário tem a vida regrada totalmente pelo trabalho: horários, férias, tudo. Quando se aposenta, ele se torna dono de seu próprio tempo, precisa aprender a administrá-lo.’ Como alternativa a esta situação, a pesquisadora defende o Preparo Para a Aposentadoria (PPA) como única forma de contribuir para que os trabalhadores não percam sua auto-estima e se concentrem em outra atividade produtiva.

O programa, que foi implementado no Brasil na década de 80, consiste em uma série de encontros promovidos pela empresa ou instituição com aqueles que irão se aposentar. Dentre os assuntos abordados estão aspectos legais, processo de envelhecimento e efeitos psicológicos sobre a aposentadoria. A partir da década de 90 ele foi desativado principalmente nas empresas de telecomunicações e energéticas, sendo substituído por programas de demissão voluntária. Ainda está presente em algumas empresas e instituições, como na Prefeitura de São Paulo.

Comparação

No estudo Aposentados e livres… Mas para quê? Os trabalhadores de nível básico da FSP/USP e a representação social da aposentadoria, ainda em andamento, Maria Lúcia compara a visão teórica sobre a aposentadoria com aquela dos trabalhadores que vão se aposentar, para saber quais são suas expectativas e se existe algum projeto de vida definido para o período.

Foram feitas três perguntas. Uma delas – a terceira na ordem cronológica – pedia aos entrevistados que dissessem como enxergavam seus colegas já aposentados. 42% consideraram em ‘um triste quadro’ os colegas que não tinham nenhuma atividade. ‘A vontade de não ‘ficar parado’ se repete nas três perguntas’, observa a assistente social, também aposentada. ‘A maioria deles têm um projeto de vida.’

A primeira pergunta feita, ‘você vai se aposentar, não é? O que significa isso para você?’, obteve como resposta mais significativa a idéia da aposentadoria como um descanso, incluindo 27% dos entrevistados. ‘Entretanto, 14% dos funcionários responderam que consideram a fase uma continuação da atividade, o que é importante’, salienta.

Outra pergunta se referiu à atividade que o funcionário desenvolveria quando se aposentasse. Das respostas, 28% indicaram a dedicação a um negócio, na mesma área em que o entrevistado trabalhava ou em uma diferente.
Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br
V.C.