Estado lança manual de orientação para pacientes que aguardam transplante de órgãos

Número de transplantes dobrou nos meses de janeiro e fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado

qua, 24/03/2004 - 13h45 | Do Portal do Governo


Os pacientes que aguardam transplante de coração, pâncreas, rim, pulmão, córnea ou fígado no Estado de São Paulo ganharam, nesta quarta-feira, dia 24, um guia com informações e esclarecimentos sobre os procedimentos adotados no processo de transplante de órgãos. O lançamento do Manual do Paciente em Lista de Transplante foi realizado pelo governador Geraldo Alckmin, no Instituto Dante Pazzanese, referência nacional em transplantes cardíacos, que realiza dois transplantes de coração por mês, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O manual, que contém informações sobre a inscrição do paciente no Cadastro Técnico Único da Central de Transplantes, como são formadas as listas de espera e como saber sobre a situação no Cadastro, é o início de uma grande campanha de conscientização da população para a questão de transplante de órgãos. Ao todo, 30 mil exemplares do guia serão distribuídos gratuitamente à população nos centros de credenciamento espalhados pelo Estado.

Para facilitar o entendimento dos usuários estão divididos em seis cores, uma para cada órgão. O manual verde é para quem aguarda por um transplante de pulmão, o rosa é para pâncreas, vermelho para córnea, laranja para coração, azul para transplante de rim e marrom para fígado.

De acordo com o governador, o manual é um instrumento de informação para o paciente e também para os familiares, que passam a entender melhor a questão do transplante de órgãos. “É o primeiro passo para conscientizar que doação de órgãos é ato de amor ao próximo. Uma pessoa, até quando morre, pode ajudar os outros a viver melhor. Quando alguém morre, é preciso conversar com a família, que muitas vezes cria obstáculos para a retirada de órgãos para transplante”, explicou.

O governador lembrou ainda que os pacientes transplantados precisam tomar muitos medicamentos de alto custo e que o Estado estuda uma maneira de encaminhá-los pelos Correios para que eles não precisem se deslocar para obter os remédios.

O secretário da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, destacou que há um projeto de Lei na Assembléia Legislativa para ensinar os estudantes, nas escolas, a importância da doação de órgãos. Ele também enfatizou que as informações sobre transplantes de órgãos estão disponíveis no site da Secretaria da Saúde, www.saude.sp.gov.br.

O ator Norton Nascimento, transplantado de coração em dezembro de 2003, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, lembrou da importância de se conscientizar a população para a doação de órgãos. Ele citou o sofrimento de seus familiares durante o período em que aguardava um doador.

Número de doadores dobrou este ano em São Paulo

O número de doadores de órgãos no Estado de São Paulo dobrou no primeiro bimestre de 2004. Em janeiro e fevereiro deste ano houve 83 doadores (beneficiando 268 pessoas), contra 42 nos primeiros dois meses do ano passado. Apenas em fevereiro deste ano, foram realizadas 35 doações, 85% a mais que no mesmo mês de 2003, quando houve 19.

No período de 2001 a 2003, foram realizados 11.459 transplantes no Estado. Na lista de espera, há um total de 18.605 pessoas, com predominância para rim (10.142), córnea (5.116) e fígado (2.926).

O Estado, que concentra cerca de 25% da população brasileira, é responsável por 46% dos transplantes realizados no País. Cerca de 30% dos transplantes realizados em São Paulo são em pacientes vindos de outros Estados.

É o caso de Benedita Araújo Mendes, que mora em Vitória, no Espírito Santo, e há dois anos recebeu um coração no Dante Pazzanese, em São Paulo. “Em Vitória, não fazem transplante, então me encaminharam para cá. Eu precisava ganhar peso, mas não deu tempo. Entrei na fila como ‘prioridade’ e em cinco dias recebi o coração”, explicou.

Benedita, que veio à São Paulo buscar medicamentos, está levando o manual para casa, em Vitória. “Vou reunir a família e passar o manual para todo mundo ler. Nunca tivemos um transplantado na família e eles têm dificuldade de entender o que se passa comigo”, afirma.

Cíntia Cury