Estado investe em cidades com vocação econômica

Objetivo é estimular a geração de emprego e a exportação dos produtos fabricados

ter, 11/11/2003 - 13h05 | Do Portal do Governo


Unir forças e trabalhar em conjunto. Esta é a mensagem que vem sendo divulgada pelo Governo do Estado aos micro e pequenos empresários do Interior para ampliarem ou mesmo iniciarem sua atuação no mercado externo. Em parceria com a FIESP e o Sebrae, o Governo foca sua atenção nos municípios que já desenvolvem algum tipo de atividade comercial de destaque. Fabricação de sapatos, móveis, confecção infantil e cerâmica, por exemplo. Esta vocação, que congrega várias ou uma única cidade, foi denominada de Arranjos Produtivos Localizados (APL’s).

A Secretaria da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo (SCTDET) vem realizando uma série de palestras, alertando os empresários sobre a importância de trabalharem em conjunto. “Mostramos que o grande inimigo a ser combatido não é o colega ao lado, que produz o mesmo produto, e sim os grandes concorrentes da Espanha, Malásia e China”, exemplifica o assessor especial da Secretaria, José Zeno Fontana. “Para exportar é preciso estar bem organizado. Estamos investindo muito em palestras e seminários para mudar este tipo de pensamento”, ressalta.

O Governo quer intensificar as exportações porque o mercado interno responde mais lentamente aos estímulos de produção, uma vez que o consumo andou em queda boa parte deste ano. Já a receita do exterior é maior do que a que viria dentro do País. Por outro lado, abre-se um canal de mercado, assim que o consumo interno reaquecer. “Juntam-se as duas coisas”, afirma Zeno.

Ele atenta sobre a necessidade de certificação dos produtos fabricados pelos arranjos para que sejam reconhecidos no exterior. A partir de dezembro, as exportações para os Estados Unidos ficarão mais restritas. “Será preciso que tenham certificado até da compra da matéria-prima. No caso dos móveis, por exemplo, o comprador americano quer ter o conhecimento de onde veio a madeira, se era permitida ser explorada e se foi empregada mão-de-obra infantil”, adverte Zeno.

Processo para exportação

A maioria das empresas que fazem parte dos arranjos já exportam, outras estão começando agora. Algumas já são líderes na atividade e podem ajudar a disseminar conhecimentos de organização para exportação às outras.

Um dos grandes problemas que interfere para os avanços dos arranjos é a linha de financiamento. Para isso, o Sebrae está vendo a possibilidade de fazer um financiamento com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de US$ 20 milhões, para ajudar os pequenos empresários. O Governo vai agir como interlocutor nesta operação.

O Estado não investe dinheiro nos arranjos, mas oferece apoio por meio de palestras e na ampliação da rede de ensino técnico do Centro Paula Souza como as Escolas Técnicas e as Fatecs. Na área de pesquisa, as micros também podem recorrer à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa) e ao IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológica), duas instituições de excelência do Estado.

Experiências

Conhecida pela produção de laranja, a região de Araraquara vem se notabilizando por um novo ramo de atividade econômica: a confecção de bichos de pelúcia, na cidade de Tabatinga. Esta é uma outra oportunidade de trabalho a seus moradores, que tinham emprego garantido somente durante a colheita.

Atualmente, cerca de 13 mil habitantes da cidade vem se dedicando à fabricação de bichos de pelúcia e artigos para recém-nascidos. O município conta com mais de 60 pequenas fábricas, que geram cerca de dois mil empregos diretos.

De olho neste potencial, a Prefeitura vem dando apoio nos cursos de capacitação empresarial, ministrados pelo Sebrae-SP, e equipou um espaço para requalificação da mão-de-obra na área, intitulado Casa do Trabalhador.

Outro Arranjo Produtivo é a cidade de Limeira, que tem um pólo de 400 empresas que se dedicam à produção de jóias, folheados de ouro e prata, empregando 20 mil pessoas, sem contar o setor informal. Segundo o diretor regional do Sindijóias (Sindicato das Indústrias de Joalheria, Bijouteria e Lapidação de Gema do Estado), Tito Almiral, o setor é considerado o maior pólo nacional de bijouterias e jóias e detém mais de 60% da produção nacional, com vendas para a América do Norte, Peru, Colômbia, Venezuela e África.

“Por meio dos técnicos, estamos tendo um suporte de informações que dificilmente chegariam aos pequenos empresários”, declarou Tito. Com as informações recebidas nas palestras, os empreendedores estão indo buscar clientes que não tinham mais contato. “Estamos aprendendo a agir mais como empresário. O nosso lema é exportar, mas se não estivermos bem estruturados dentro do nosso próprio negócio, será mais difícil”, ressalta.

Famosa pela fabricação de calçados femininos, a cidade de Jaú, quer aumentar sua exportação e há dois anos vem trabalhando com as entidades locais para se tornarem mais competitivas. O município – que fica atrás apenas do Rio Grande do Sul na confecção de calçado feminino – conta hoje com 220 empresas que geram seis mil empregos diretos, oito mil indiretos e 2,5 mil terceirizados.

O setor é responsável por 65% da economia local. Por dia, são fabricados 100 mil pares. Por mês, dois milhões e por ano, 20 milhões. “Mesmo com todos esses números nossa exportação ainda é pequena. Cerca de 3% a 5% do que é produzido mensalmente é exportado. Nosso maior mercado concentra-se na Capital, Nordeste, Santa Catarina, Belo Horizonte, Centro-Oeste e Rio Grande do Sul”, explica a assessora da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município, Emilena Lorenzon. O município já faz parte do Arranjo e vem recebendo palestras do Sebrae e da Fiesp, o que vem ajudando a sanar alguns problemas.

Para ajudar as empresas a exportarem, o Estado criou programas como a Central de Atendimento ao Exportador, localizado na via Imigrantes, e está em encaminhamento a construção do Agroporto, em Cubatão.

Arranjos Produtivos Locais que estão sendo trabalhados:

Arranjo Produtivo Município
1. Jóias -São José do Rio Preto
2. Semi-Jóias -Limeira
3. Móveis de Madeira -Mirassol e região
4. Confecção – Cama, mesa e banho -Ibitinga
5. Cerâmica Vermelha -Vargem Grande do Sul
6. Autopeças e Plástico -Grande ABC
7. Confecção – Bichos de Pelúcia -Tabatinga
8. Calçados Femininos -Jaú
9 Confecção Infantil Conchas -Laranjal Paulista
10. Confecção em geral -Cerquilho/Tietê
11. Móveis em madeira -Itatiba
12. Móveis -São Bernardo do Campo
13. Calçados -Franca
14. Equipamentos médico/hospitalar -Ribeirão Preto
15. Produtos Cerâmicos não-refratários -Pedreira
16. Produtos Cerâmicos não-refratários -Porto Ferreira
17. Cerâmica vermelha -Cabreuva/Itu
18. Calçado Infantil -Birigui
19. Móveis de Madeira -Iperó/Sorocaba
20. Confecção Malhas -Águas de Lindóia/Socorro
21. Curtimento de Couro -Bocaina
22. Têxtil/Confecção -Americana
23. Cerâmica Vermelha -Tambaú
Fonte: Sebrae/SP

Valéria Cintra