Estado assina convênio com o Ministério da Indústria e Comércio Exterior

Objetivo é estimular exportações de setores econômicos regionais

seg, 02/06/2003 - 18h10 | Do Portal do Governo


Para ampliar as exportações das empresas paulistas o Governo do Estado assinou nesta segunda-feira, dia 2, um convênio com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior- por meio da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX), no valor inicial de R$ 5 milhões. O recurso foi anunciado durante a segunda reunião do Conselho Estadual de Relações Internacionais e Comércio Exterior (CERICEX), realizada no Palácio dos Bandeirantes, com a presença do governador Geraldo Alckmin, líderes empresariais e secretários de Estado.

O acordo tem como objetivo promover o fomento e apoio para os Arranjos Produtivos Organizados (APO’s) – pólos industriais focados em determinadas localidades do Estado. Inicialmente, sete setores serão contemplados: cerâmica e revestimento (nas regiões de Santa Gertrudes e Porto Ferreira); equipamentos médicos e odontológicos (Ribeirão Preto), confecções infantil e juvenil (Amparo); bijouterias (Limeira); móveis (nas regiões de Votuporanga, Mirrasol e São Bernardo do Campo), calçados (Birigüi, Jaú e Franca), além de software. Pode ser acrescentado ainda o setor de artesanato.

Segundo o presidente da Apex, Juan Quirós, mais recursos poderão ser destinados para alavancar a exportação paulista. Primeiramente, vai ser feito uma análise parcial dos resultados. Segundo ele, a expectativa para investir mais recursos será calculada de acordo com o número de empresas que estão participando, quantos produtos poderão ser inseridos no mercado internacional e qual seria a geração de emprego e renda. Este programa também será implantado no Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais. Os valores serão aplicados de acordo com o projeto de cada estado.

Call Center será inaugurado em julho

Alckmin ressaltou que a parceria assinada será mais direcionada à área de logística, para dar apoio aos Arranjos Produtivos. Em julho, já estará em funcionamento o call center do Centro de Apoio Logístico às Exportações, que ficará localizado na Imigrantes, cujo objetivo é orientar os empresários paulistas, conectando órgãos federais e estaduais e setores que possam oferecer facilidades à exportação.“O grande agente financeiro é o BNDES, que deve ter um volume perto de US$ 10 bilhões para apoiar o setor produtivo”, explicou.

O convênio aumenta a expectativa do Estado em ampliar suas exportações, principalmente para a China e Rússia. “São Paulo exporta mais para os Estados Unidos. Foi muito discutido hoje sobre os mercados da América do Sul, pois este é o chamado mercado natural. Podemos crescer muito neste mercado, onde participamos com menos de 10%”, sintetizou Alckmin.

São Paulo é o principal Estado exportador do Brasil. Suas vendas representaram 33,31% do total do País em 2002. As exportações do Estado apresentaram crescimento no período de 1995 a 2002, quando suas vendas externas aumentaram 25,9%, passando de US$ 15,968 milhões para US$ 20,106 milhões. Nesse mesmo período, a exportação brasileira cresceu 29,8%.

O governador destacou que a indústria paulista é bastante competitiva e que a questão do câmbio ajudou muito. “O fato de hoje não se ter uma moeda sobrevalorizada ajuda na exportação”. Ele disse que São Paulo chegou ao déficit zero na balança comercial. “O Estado sempre importou mais do que exportou. E agora, neste primeiro quadrimestre, nós exportamos e importamos o mesmo valor R$ 6,5 bilhões. Não temos déficit comercial, que historicamente tivemos. Já chegamos a ter déficit de quase R$ 10 bilhões num ano, importando muito mais do que exportando”, explicou.

Ribeirão Preto terá armazéns alfandegados

Durante a reunião, foi exposto aos líderes empresariais os esforços que o Governo do Estado vem fazendo em termos de logística para facilitar a exportação dos empresários, como a ampliação do sistema Anchieta-Imigrantes, as obras do Rodoanel, o projeto executivo do Porto de São Sebastião, as ampliações da rodovia dos Tamoios, o Porto de Santos e o pátio de automóveis para exportação da indústria automobilística. Alckmin afirmou que no próximo sábado, dia 7, o Governo do Estado vai autorizar a construção de todos os armazéns alfandegados para o aeroporto internacional de cargas de Ribeirão Preto.

Outros setores estratégicos que estão na mira do Cericex para fortalecer seu crescimento são o sucro-alcooleiro, couro e café. “São Paulo é o maior produtor e exportador de açúcar e álcool do mundo, sendo assim precisamos concentrar ações no etanol. Há um potencial enorme de exportação do etanol”, disse o secretário da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos de Souza Meirelles, observando as questões do meio ambiente que são adotadas no Japão, no sentido de diminuir a poluição mundial por meio deste combustível. Como importante exportador de açúcar, segundo ele, o Governo quer agregar valor ao produto e não apenas vendê-lo a granel. O selo de certificação do café pelo ITAL possibilita ao Estado ampliar sua venda. O secretário da Agricultura, Duarte Nogueira, está estudando uma maneira de vender o café brasileiro no mercado russo.

A questão do couro também foi discutida. Embora o País seja o maior exportador mundial de carne, ultrapassando os Estados Unidos, o Brasil importa couro para o estofamento de automóvel e de avião. “Em vez de importar da Austrália, podemos passar a produzir aqui”, comentou o governador.

Para estimular a exportação no setor têxtil, no dia 21 de agosto, será realizado o Primeiro Encomex Setorial. O encontro pretende levantar todos os problemas da cadeia produtiva do setor. Está prevista a presença de 800 a mil pessoas, entre empresários e profissionais do ramo. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Paulo Skaf, disse, que em abril, o setor teve um crescimento nas exportações de 50%, comparado ao mesmo período do ano passado, e deve este ano gerar um superávit de R$ 1 bilhão.

Também em agosto, será realizado o seminário “Vamos Todos Exportar”, pela secretaria da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, no Memorial da América Latina. O objetivo é difundir a cultura exportadora. A próxima reunião do Conselho será dentro de 120 dias.

Valéria Cintra