Os portadores de Lúpus Eritematoso, doença que provoca lesões na pele e que são agravadas quando o doente se expõe ao sol, atendidos pela rede pública de São Paulo passarão a receber gratuitamente filtro solar. Nesta terça-feira, dia 21, o secretário estadual da Saúde, José da Silva Guedes, apresentou, no auditório da Santa Casa de São Paulo, região central da Capital, o produto que está sendo fabricado pela Fundação Para o Remédio Popular (Furp).
Desenvolvido pela Furp, com a participação da a Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Associação Brasileira de Pacientes de Lúpus Eritematoso, o filtro solar tem fator 12, que protege contra 94% dos raios Ultra Violeta (U.V.).
‘O protetor solar comumente encontrado no mercado é caro e, em geral, alguns hospitais elaboravam o produto em farmácias de manipulação. Como é considerado um cosmético, a Furp precisou mudar seu registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para poder também produzir um cosmético. E conseguimos, acompanhados pelo departamento de dermatologia da Escola Paulista de Medicina e da Santa Casa de São Paulo, elaborar um produto que absorve 94% da radiação solar incidente sobre a pele’, explicou Guedes.
‘Com esse lançamento, estamos atendendo a uma lei que determina que os pacientes de Lúpus recebam do Estado os medicamentos necessários ao seu tratamento. Nós fornecemos tudo o que é necessário aos doentes de Lúpus nos vários ambulatórios e não tínhamos ainda um protetor solar. O produto desenvolvido pela Furp vai custar ao Estado menos de um terço do valor de mercado’, enfatizou Guedes.
A distribuição será feita em 92 unidades do Estado, como hospitais e postos de saúde que atendam doentes de Lúpus Eritematoso. Só terá acesso ao produto o paciente cadastrado pela rede pública, que estiver em tratamento e mediante receita médica.
Serão produzidos mensalmente 20 mil frascos do Protetor Solar Furp. O suficiente para atender os cerca de 20 mil pacientes da doença existentes no Estado, de acordo com informações da representante da Sociedade Brasileira de Portadores de Lúpus Eritematoso, Sônia Maria Xavier. A Furp já mantém um estoque de 60 mil unidades do produto.
Guedes também alertou as pessoas que ficam muito expostas ao sol para a necessidade de proteção contra o câncer de pele. A incidência da doença vem aumentando em quase todo o mundo e atualmente representa um dos mais graves problemas de saúde pública, configurando uma ‘epidemia silenciosa’.
Estima-se que no Brasil ocorrerão, a cada ano, 60 mil novos casos e cerca de 1,8 mil mortes causadas pela doença. Porém, ao contrário dos outros tipos de câncer, o de pele pode ser facilmente evitado, já que sua causa é conhecida: a exposição excessiva ao sol, principalmente em determinados tipos de pele.
A radiação solar se acumula a cada exposição. ‘É preciso lembrar que o filtro solar é apenas uma das medidas de proteção. As pessoas precisam de chapéu, boné e roupa que proteja grande extensão de braços e pernas. O protetor se destina às áreas que ficam obrigatoriamente expostas’, afirmou.
De acordo com o especialista em câncer de pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Marcos Maia, o fator de proteção solar (FPS) 12 é suficiente para evitar a doença, já que protege contra 94% dos raios U.V., enquanto um filtro com FPS 30 é capaz de absorver 97% da radiação solar incidente sobre a pele.
Cíntia Cury
