Estação Especial da Lapa é opção de lazer e cultura para portadores de deficiência

Há vagas disponíveis para cursos profissionalizantes, oficinas culturais e aulas de esporte

sex, 28/01/2005 - 17h23 | Do Portal do Governo


Imagine um lugar onde é possível fazer cursos profissionalizantes, usufruir de áreas culturais, piscina coberta, quadra poliesportiva, sala de ginástica, local para caminhada e cooper, auditório e refeitório. Este ambiente é a Estação Especial da Lapa, mantida pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo.

Localizado em uma antiga estação de trem, no bairro da Lapa, Zona Oeste da Capital, o local recebe pessoas carentes e portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, que vão em busca de convívio social, descontração, e atividades de desenvolvimento físico e intelectual.

Em geral, são pessoas que passaram por grandes dificuldades para superar obstáculos, sobretudo o preconceito da sociedade e a ausência de espaços adaptados às suas necessidades.

Exemplos de pessoas que conheceram na Estação uma nova forma de viver não faltam. Há quatro anos, Francisco das Chagas Oliveira, 57 anos, foi vítima de um erro médico e perdeu a visão. “Fiquei revoltado. Mas pensei bem e fui a luta. Agora, coloquei na cabeça que atrás da gente sempre tem um pior”, diz Oliveira que passou um longo período sem sair de casa.

Atualmente, ele está reaprendendo a viver. Iniciou o curso de ‘Virtual Vision’, informática direcionada para portadores de deficiência visual, e está disposto a viver novas experiências.

Rosa Maria Dourado, 50 anos, passou um longo período em depressão profunda por problemas de saúde. Hoje, aprende a fazer “Artefatos em Couro”, no segundo curso profissionalizante que faz na Estação Especial da Lapa. Ela já pensa até em abrir o próprio negócio. Com um sorriso no rosto, Rosa Maria fala de seus planos para o futuro. “Quero ter uma fonte de renda própria. Montar uma ‘lojinha’ de artigos em couro”. Otimista, a freqüentadora da Estação Especial da Lapa há mais de um ano acredita que clientes não vão faltar. “Meus vizinhos sabem que eu estou aprendendo a fabricar bolsas, cintos e outros acessórios em couro e já estão fazendo até encomendas”, comemora.

A diretora da Estação da Lapa, Vera Lúcia Alves, explica que o local tem as condições necessárias para quem busca boa qualidade de vida. Tudo é adaptado para atender e capacitar portadores de todos tipos de deficiência e também pessoas carentes. “Com isso é possível trabalhar com as diferenças de uma forma muito natural possibilitando que as pessoas desenvolvam seu potencial’, acredita ela.

O objetivo principal do trabalho desenvolvido na Estação é promover a reinrseção social. “As atividades e a capacitação profissional melhoram a qualidade de vida e a auto-estima das pessoas. Elas sentem-se motivadas e voltam a vida social”, afirma Vera Lúcia.

Cursos profissionalizantes

A maioria dos participantes da Estação Especial da Lapa carrega o sonho de arranjar um emprego. “A expectativa dos alunos é a mesma: o mercado de trabalho”, afirma Elizabeth Almeida, psicóloga e coordenadora dos cursos profissionalizantes.

“Já estou fora do mercado de trabalho faz tempo”, diz Jorge Lopes de Oliveira, 49 anos, aluno do curso de “Instalação Elétrica Predial”, a primeira especialização que faz desde que parou de trabalhar.

Ele chegou sem expectativas e com a auto-estima baixa. “Hoje ele está se vestindo melhor, conversa com os colegas e tem planos para o futuro”, informa Elizabeth ao ver Jorge interessado em ingressar no curso de hidráulica, também na Estação Especial da Lapa.

A unidade oferece diversos tipos de cursos profissionalizantes como tricô à máquina, serviços administrativos, arte em couro, panificação e confeitaria, costura, telemarketing, elétrica, hidráulica, pintura entre outros.

O professor do curso de “Instalação Elétrica Predial”, Sílvio Nunes, define bem o espírito do grupo. “Eles são muito interessados. Quando uma pessoa é colocada à margem da sociedade e surge uma oportunidade de mostrar o contrário, ela faz bem feito”, garante. Segundo ele, alguns ex-alunos estão empregados em empresas e outros trabalham na própria residência. Ainda ressalta que durante as aulas ocorre uma integração, não só por parte do deficiente, mas também de quem convive com ele.

Outro curso com bastante procura é o de “Serviços Administrativos”, que engloba aulas de datilografia, recepção, portaria, arquivo, telex, fax e zeladoria. De acordo com a professora Ilva Maria Camolez, os alunos saem com um leque de oportunidade de trabalho. “Eles podem atuar em bancos, escritórios, secretaria de escolas, portaria de prédio, recepção de consultórios e empresas”, diz. Ela conta ainda que uma aluna com Síndrome de Down é recepcionista de uma grande rede de bancos. Após concluir este curso, os alunos geralmente passam para o módulo de informática e saem com um certificado do Senai.

Vagas disponíveis

A Estação Especial da Lapa, vinculada ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp), abriu, desde 17 de janeiro, inscrições para mais de três mil vagas em diversas atividades esportivas, culturais e cursos profissionalizantes gratuitos. Com 70% das vagas para pessoas com deficiência e 30% à comunidade carente em geral, as atividades serão desenvolvidas das 8h às 17h30.

Como se inscrever

Os interessados em se inscrever para algum tipo de atividade na Estação Especial da Lapa podem ligar para o número (11) 3873-6760 e procurar a Secretaria de Cursos. Tudo é gratuito. A Estação está localizada na Rua Guaicurus, nº 1.273 – Lapa.

Christiane Rocha