Esportes: Cresce o número de universitários da USP interessados por rugby

A modalidade dá espaço para atletas pesados e leves

ter, 23/03/2004 - 12h39 | Do Portal do Governo

Do Portal da USP
Por Eduardo Piagge

O rugby, quem diria, é um esporte popular na USP. Atualmente são cerca de 200 participantes, um número expressivo para um esporte que, em nível adulto, não possui mais do que 1.500 praticantes no Brasil inteiro, segundo dados da Associação Brasileira de Rugby (ABR). Atualmente, sete das 36 unidades da USP possuem times completos, isto é, com pelo menos 20 jogadores: Esalq, FFLCH, FEA, Farmácia, Poli, São Francisco e Medicina.

‘Hoje, a universidade é o lugar em que você aprende e cria uma paixão pelo rugby, pelo espírito de coletividade, para futuramente levar para o clube’ afirma Vinicius Prossi, responsável pelo time de rugby na Associação Atlética Acadêmica da FFLCH. Até alguns anos, o esporte era bastante praticado em colégios particulares da capital paulista, como o Rio Branco, o Santa Cruz e o Pueri Domus, mas essa tradição se perdeu. Atualmente, a universidade é um dos poucos lugares onde se tem estrutura para aprender a jogar o esporte. A grande maioria dos atletas entra na faculdade sem ter tido nenhum contato anterior com a modalidade.

Essa condição de aprendiz em que começa a maioria dos jogadores é outro fator de atração e estímulo para continuar no esporte. ‘Como eu, tem bastante gente aprendendo ainda e isso me estimula bastante’ afirma Gustavo Lipe, calouro da FEA. Em outros esportes mais consagrados, como o futebol e o basquete, isso não acontece, e não há espaço nos times para quem não vem pronto de fora. Essa é a visão do diretor do rugby da Poli, Daniel Fonseca. ‘A gente fala para os calouros: ‘não passou na peneira do futebol, vem jogar rugby!’

Para Raffaele Franco, responsável pelo rugby na FEA, as razões para esse interesse também estão nas características do esporte. Segundo ele, a modaliddade dá espaço para todos os tipos físicos, desde os atletas mais pesados e lentos até aqueles leves e velozes.’É um esporte que preza pela união dos jogadores, que cria uma amizade, um grupo de relacionamento extra jogo, extra treino’, completa Raffaele.

Esse espírito de grupo é bem explicado por Camilo Luna, diretor da modalidade na Farmácia. ‘Você entra no campo arriscando seu joelho, seu ombro… se o cara do seu lado não der 100%, ele está pondo a si e aos outros jogadores em risco. O mais importante do rugby, fora a técnica e o porte físico, é esse sentimento, essa confiança que os jogadores sentem um pelo outro, e isso extrapola o campo de jogo’.

Copa do Mundo

Em 2003, a transmissão da Copa do Mundo de Rugby pela TV por assinatura foi outro fator para o crescimento do interesse pelo esporte entre os alunos. ‘O rugby (universitário) está crescendo muito, impulsionado pela Copa do Mundo’ conta Fred Lobo, diretor de modalidade na Faculdade de Medicina. Essa é uma opinião unânime entre os entrevistados.

A cobertura pela televisão dos jogos de rugby é uma saída para a popularização do esporte. Segundo Renan Negrão, diretor da modalidade na Faculdade de Medicina, esse é o próximo passo a ser dado pela recente LPRU (Liga Paulista de Rugby Universitário). Criada em 2002 com apenas quatro equipes, ela conta hoje com 12 times, divididos em duas divisões, que disputam todo semestre o título da liga. Ela possibilitou um aumento do nível técnico entre as equipes universitárias e gerou um maior comprometimento e seriedade com o esporte.

Hoje, a USP conta com equipes que mantêm a tradição do rugby dentro das faculdades. É o esporte mais popular da Farmácia, uma unidade onde menos de 40% dos ingressantes em 2004 são do sexo masculino. O time da Poli conquistou, na década de 80, dois títulos nacionais, e hoje busca voltar ao alto escalão do esporte no Brasil, formando uma equipe para disputar competições maiores, como o campeonato nacional. A equipe da São Francisco é uma das poucas do Brasil que possui o ‘H’, o gol do rugby, além de um campo de jogo em ótimas condições.

É um esporte em que o conjunto gera a vitória, mas também gera amizade e companheirismo. Como resume Werner Grau Neto, jogador da São Francisco e atleta há 26 anos, ‘só pra você ter uma idéia, dos 16 padrinhos do meu casamento, 14 eram jogadores de rugby e dois eram ex-jogadores’.

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/agen/
V.C.