O Programa Povo na Internet, desenvolvido pela Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) e lançado na última quarta-feira, dia 5, pelo Governo do Estado, vai permitir à população de baixa renda acessar gratuitamente a internet em locais como Poupatempo, estações do Metrô, conjuntos habitacionais e Infocentro, a partir de 2002.
Cássio Dreyfuss, vice-presidente e diretor de pesquisas para América Latina do Gartner, empresa mundialmente conceituada no setor de Tecnologia de Informação, elogiou o projeto e comentou o panorama atual da informática.
Dreyfuss disse que a Prodesp percebeu que o que caracteriza um computador pessoal não é o equipamento, nem o conjunto básico de programas. “O que é realmente pessoal são as preferências de tela, ícones, comandos, e os dados, organizados de forma personalizada em arquivos”, argumentou.
“Com essa visão inovadora, a Prodesp criou o Terminal de Acesso Popular – TAP. Um PC comum, com programas normais, que aceita um cartão de memória adicional (flash card), removível, portátil (cabe no bolso) e barato (a partir de R$ 100,00 para 32 megabytes), onde cada usuário gravará seus arquivos. Ao terminar a utilização do computador, o usuário remove o cartão, levando-o consigo, permitindo a utilização do TAP pelo próximo usuário.”
É importante lembrar que o flash card poderá ser adquirido, pela população de baixa renda, por meio de financiamento em instituições bancárias, assim que forem implantados os terminais.
“É incrivelmente ampla a gama de negócios que desejará atrair para suas instalações o usuário com seu computador móvel e portátil – cadeias de lanchonetes, lojas de varejo, agências bancárias, padarias e tantas outras.’ Dreyfuss explica que há um conceito verdadeiramente revolucionário por trás dessa idéia simples. “A combinação de um cartão barato com um PC modificado cria um equipamento personalizado, que oferece privacidade e permite a mobilidade do usuário entre milhares de pontos de acesso”. Ele disse ainda que, dentro desse projeto, o custo por usuário é reduzido a uma fração do custo dos programas baseados em PCs convencionais.
“São soluções desse tipo que nos dão, como cidadãos brasileiros e paulistas, a esperança de alcançar dentro de um horizonte visível um alto nível de inclusão digital.” Dreyfuss explicou que a utilização crescente da informática ajuda a diminuir a defasagem que separa as empresas nacionais das localizadas em países mais desenvolvidos. Mas, por outro lado, contribui para aumentar a exclusão de grande parcela da população, criando uma classe de analfabetos digitais.
Ele inseriu o programa Povo na Internet no rol das importantes iniciativas que têm sido desenvolvidas para atacar o problema, tanto na área governamental, quanto na iniciativa privada. Segundo ele, a Prodesp usou criativamente a tecnologia, e desenvolveu uma solução simples e eficaz, que deverá provocar enorme impacto nas iniciativas de inclusão digital.
O Gartner é líder mundial em pesquisas e análises independentes para os profissionais e tomadores de decisões em Tecnologia da Informação. Atualmente, interage com mais de 11 mil empresas e 35 mil usuários finais, provendo informações e aconselhamento estratégico no setor.
Gláucia Basile
