Especial: Vigilância Sanitária alerta para uso incorreto de medicamentos

Órgão instituiu o Programa Farmacovigilância Hospitalar em 24 hospitais do Estado

sex, 11/10/2002 - 10h38 | Do Portal do Governo

O uso racional de medicamentos e seus efeitos colaterais têm sido motivo de estudos do Setor de Farmacovigilância do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo (CVS-SP). O órgão instituiu o Programa Farmacovigilância Hospitalar em 24 hospitais do Estado no primeiro semestre deste ano. Comunicado sobre o assunto está publicado na íntegra no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira, dia 11.

Em seis hospitais que fazem parte do programa foi observado o uso indevido do medicamento ranitidina, que estava sendo ministrado a 86% dos pacientes com mais de 60 anos, internados em decorrência de doenças cardiovasculares. Desses, apenas um realmente necessitava usar o medicamento.

Segundo recomendações dos especialistas na área farmacêutica, o resultado levou o CVS-SP a estabelecer critérios para o uso adequado do remédio. A ranitidina bloqueia a secreção ácida no tubo digestivo, sendo indicada para o tratamento de doenças como úlceras gastroduodenais e esofagites.

Desde o início da década de 80 tem sido empregada para evitar o aparecimento da úlcera de stress em pacientes graves, doença que não tem relação com problemas emocionais. São lesões agudas inflamatórias da mucosa do aparelho digestivo que surgem em pacientes internados com doenças mais sérias, como infecção generalizada e insuficiência respiratória.

Seu principal sintoma é o sangramento pela boca e pelas fezes, o que, em alguns casos, pode pôr em risco a vida do paciente. A ranitidina evita o aparecimento das úlceras de stress eliminando a possibilidade de sangramento digestivo, mas pode levar a efeitos colaterais como problemas no sangue, rins e fígado, além de custos desnecessários por sua utilização indevida.

Uso correto

O Setor de Farmacovigilância do CVS-SP recomenda que a ranitidina como prevenção da úlcera de stress seja usada somente em pacientes entubados sob ventilação mecânica por mais de 48 horas ou em casos de coagulopatias graves, ou em mais de uma das seguintes situações: septicemia, choque, grandes queimados, lesão grave do sistema nervoso central, tetraplégicos, neurocirurgias, altas doses de corticóides, anticoagulação terapêutica e permanência em UTI por mais de uma semana.

Márcia Bitencourt- Da Agência Imprensa Oficial