Especial: Hospital Geral de Taipas forma equipe para organizar transplantes

Trabalho inclui exames para confirmação da morte encefálica e conversa com familiares para obter autorização

seg, 28/10/2002 - 10h04 | Do Portal do Governo

No ano passado, quando o guitarrista Marcelo Fromer, dos Titãs, morreu, sua família autorizou a doação dos órgãos. Tal fato trouxe à tona o dilema de pessoas que esperam transplante. A administração destes nomes é feita pela Central de Transplante da Secretaria da Saúde. Conta também com auxílio de hospitais, estaduais, municipais ou privados que, paulatinamente, montam equipes de médicos para encontrar, entre os que tiveram morte cerebral, como Fromer, possíveis doadores.

O Hospital Geral de Taipas, na Zona Oeste de São Paulo, por exemplo, acaba de criar uma comissão para esta finalidade, conforme portaria publicada no Diário Oficial do Estado deste sábado, dia 26. A equipe de Taipas, com quatro médicos, é presidida pelo intensivista (especialista em UTI), Roberto Montelli. “Trabalhávamos antes para esta finalidade. Agora, porém, nossa comissão poderá atuar melhor, oficialmente.”

Quatro equipes

Para o processo funcionar melhor, a Secretaria descentralizou o serviço de captação de doadores, em 1997. Atualmente, na capital, existem quatro estabelecimentos aparelhados para fazer a captação de órgãos: Hospital das Clínicas, Instituto Dante Pazzanese, Escola Paulista de Medicina e Santa Casa de

Misericórdia
A determinação do paciente de receber o órgão é prerrogativa da Central de Transplante, coordenada pelo médico Luiz Augusto Pereira. Ele explica que a descentralização trouxe benefícios para quem está na lista de espera. “De 1997 a 2000, o número de transplantes dobrou e nos dois últimos anos tem permanecido estável.” Para 2003, prevê, haverá na capital cerca de 550 transplantes de rins, 240 de fígado, 80 coração, 100 pâncreas, 6 pulmões e 3 mil de córneas.

Na fila da central de São Paulo, os números aproximados de pacientes que esperam transplante são: 10 mil (rins), 2,2 mil (fígado), 55 (coração), 250 (pâncreas), 10 (pulmão) e 4,2 mil para córnea. Por ser tecido, a córnea pode ser retirada, em até seis horas, também em casos de morte por parada cardíaca. Nos demais, torna-se impossível. “Quando o coração pára, o corpo começa a deteriorar-se”, explica o doutor Pereira.

Como funciona

Assim que o hospital detecta provável doador, a instituição avisa. Cada uma das quatro equipes responde por determinada área da capital. No Hospital de Taipas, informa o doutor Montelli, a equipe é a do HC. O grupo que recolhe o corpo é formado por médico e enfermeiros especializados.

O médico diz que alguns hospitais não têm condições técnicas de averiguar com precisão se ocorreu morte encefálica. “Fazemos exames clínicos e constatamos o ocorrido. Mas é a equipe treinada que leva o corpo para exames mais acurados, como tomografia e angiografia, para verificar se a morte é irreversível. Se for, o óbito está provado.”

A equipe conversa com familiares para obter autorização de transplante. Não existe legalmente outra forma que não a anuência da família. Não basta constar “doador de órgãos” nos documentos.

Fila de pacientes

Na fila de pessoas à espera de transplantes nem sempre o que está na frente é o primeiro a ser chamado. A escolha leva em conta tempo de espera, grupo sangüíneo, peso e altura do doador, com nuanças próprias para cada órgão. Também são considerados alguns exames feitos no doador para verificar infecções. Se houver, algumas equipes aceitam os órgãos para transplantá-los, desde que o receptor tenha a mesma doença. Jamais em paciente que não tenha a mesma doença.

Há casos em que o primeiro da lista não está em condições de receber o transplante em conseqüência de complicações clínicas, não é localizado ou não deseja o órgão no momento. Às vezes, a equipe médica não está disponível (feriados prolongados, época de congressos das especialidades). Mas o lugar da pessoa não transplantada continua o mesmo na lista. A lista atualizada pode ser conferida no site da secretaria. Mais informações no telefone da Central: (11) 3064-1649 e 3088-5094.

Otávio Nunes- Da Agência Imprensa Oficial