Especial: Furp amplia capacidade e cria novos produtos

Fundação para o Remédio Popular é o maior laboratório público da América Latina

ter, 10/09/2002 - 10h16 | Do Portal do Governo

De 1994 a 2001, a produção de medicamentos da Fundação para o Remédio Popular (Furp) passou de 350 milhões para 1,9 bilhão de unidades (incluídos comprimidos, cápsulas, ampolas, frascos etc). Criada em 1974, no centro de São Paulo, com pequena produção destinada ao combate de endemias, principalmente a meningite, a Furp tornou-se responsável pelo fornecimento da maior parte dos medicamentos aos hospitais e serviços públicos em todo o Estado.

Hospitais como o Instituto Emílio Ribas tem recorrido à sua produção para o atendimento aos pacientes. Na edição desta terça-feira, dia 10, do Diário Oficial do Estado, está publicado o despacho do coordenador dos Institutos de Pesquisa, que autoriza a compra de medicamentos da fundação, cujo crescimento coincide com a inauguração, em 1984, da sede em Guarulhos, onde está instalada numa área com 20 mil metros quadrados.

Em 1991, a Furp desviou-se da função de produtora de medicamentos, tornando-se uma simples distribuidora, que revendia remédios produzidos por outros laboratórios. Quatro anos depois, a Fundação estava praticamente desestruturada, com a constatação de uma série de irregularidades e mais de 100 processos judiciais em andamento. A maioria deles referia-se a desvios de medicamentos e superfaturamento, com prejuízos calculados em US$ 100 milhões.

Foi, então, iniciado um trabalho de saneamento, que em pouco tempo transformaria a Furp no maior laboratório público do País. Já em 1986, a produção praticamente dobrou, passando de 357 milhões de unidades em 1994 para 723 milhões em 1995. De lá para cá, a produção não parou de crescer, atingindo, a marca de 1,9 bilhão de unidades em 2001, com mais de cem tipos diferentes de medicamentos.

Além disso, a Fundação transformou-se no melhor, maior e mais avançado laboratório público da América Latina. Foi também o primeiro laboratório público do Brasil a receber o certificado de qualidade ISO 9002.

Remédios para todos

Atualmente a Furp produz 104 tipos de medicamentos desde analgésicos até antivirais, como o AZT. A Fundação também foi credenciada pela Organização Panamericada de Saúde (Opas) e Organização Mundial de Saúde (OMS) para integrar a relação dos possíveis fornecedores de medicamentos em licitações internacionais.

Esse credenciamento, resultado da visita técnica realizada nas instalações industriais da fundação em agosto de 2001, é mais um demonstrativo da capacidade técnica da Fundação em produzir medicamentos com qualidade internacional.

Em abril de 2001, o Governo do Estado investiu na montagem de duas novas linhas de produção. Isso vai permitir que a Furp tenha sua capacidade produção dobrada. Com a conclusão das obras, prevista para primeiro trimestre do próximo ano, essas linhas deverão chegar à marca de 2,4 bilhões de unidades.

Na mesma data, foi inaugurado o prédio multiuso (com área para estoque de matéria prima e de produtos acabados) e o laboratório de controle de qualidade e desenvolvimento farmacotécnico, obras que aliviaram a fábrica e permitiram o aumento da produtividade.

Os remédios produzidos pela Furp abastecem as Unidades de Saúde dos 645 municípios do Estado, além de atender hospitais públicos e filantrópicos, inclusive em outros Estados. Da produção atual da Furp, mais de 1,2 bilhão de unidades de medicamentos foram destinados ao Dose Certa só no ano passado. O programa já distribuiu, desde 1995, mais de 4,3 bilhões de unidades.

Combate à Aids

No final de 1996, a Furp começou a produzir medicamentos que compõem o coquetel anti-Aids. Em 2000, esta produção chegou a 20 milhões de comprimidos do AZT e 50 mil frascos de AZT oral, para uso infantil. Os remédios são entregues ao Ministério da Saúde e distribuídos conforme as necessidades de cada Estado brasileiro.

A produção de anti-retrovirais no Brasil tornou-se mais intensa desde 1996, com o início da produção pelos laboratórios oficiais. Atualmente, o Brasil é destaque entre todos os países do mundo, por permitir o acesso aos medicamentos, em função da sua capacidade para produzi-los, barateando o custo, o que viabilizou o programa de tratamento gratuito.

O Centro de Referência e Treinamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DTS)/Aids da Secretaria da Saúde é a sede da coordenação das ações referentes à Aids. Presta atendimento a quatro mil pacientes. A ampliação do tratamento em resultou na queda da mortalidade entre portadores do vírus HIV em 50% no Brasil e 54% no município de São Paulo. Houve também uma redução de 80% no número de internações hospitalares e conseqüente economia de US$ 422 milhões para o País.

Com a Furp, o Governo de São Paulo conseguiu garantir à população que recorre ao Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso aos principais medicamentos. Como um dos primeiros laboratórios públicos a produzir medicamentos anti-Aids, a Furp colaborou também para a redução dos casos de transmissão de mãe para filho, que desde 1999 caiu 30% no Estado.

Desde 1980 já foram identificados 200 mil casos da doença, dos quais 90 mil em São Paulo. Com as novas drogas desenvolvidas e o acesso mais amplo ao coquetel anti-Aids, os soropositivos podem manter a rotina normal das suas vidas com qualidade, o que não ocorria nos primeiros anos da epidemia.Hoje, o Brasil tem cerca de 100 mil pacientes em tratamento, do quais 40 mil em São Paulo, que foi o primeiro Estado a distribuir gratuitamente o coquetel anti-Aids, nos anos 90.

Novas unidades

A segunda fábrica da Furp será construída em Américo Brasiliense, na região de Araraquara, interior do Estado. Será destinada a produzir, principalmente, medicamentos, cujas embalagens vão ter apresentação em dose unitária, com o objetivo de reduzir os custos e os riscos no uso dos mesmos, pelos hospitais e unidades ambulatoriais do SUS.

Isto representará redução de custos para as Santas Casas do interior, que hoje pagam mais caro por esses medicamentos produzidos pelos laboratórios privados. Há 246 Santas Casas registradas na Furp. A nova fábrica vai produzir 294 milhões de de unidades de medicamentos por mês. Com isso, a Furp poderá atender, prioritariamente, todas as Santas Casas e hospitais públicos do Estado de São Paulo.

Essa unidade, que deverá estar em funcionamento entre 2003 e 2004, em sua primeira fase, vai produzir 1,8 milhão de ampolas injetáveis por mês. Na segunda fase, entre 2004 e 2005, passará a produzir comprimidos, com previsão de 100 milhões de unidades por mês. Na terceira fase, prevista para 2006, a produção de comprimidos será elevada para 192 milhões de unidades por mês. Os investimentos estimados totalizam R$ 88 milhões de reais, sendo r$ 20 milhões na primeira fase.

Anexo à Furp em Guarulhos, está sendo construída também uma outra unidade – a fábrica de produtos especiais – com capacidade para produzir 1 bilhão de unidades de psicotrópicos, antibióticos, tuberculostáticos, entre outros produtos, por ano. Previsão de inauguração: segundo semestre de 2003.

Da Agência Imprensa Oficial

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