Especial do D.O.: Unesp realiza estudo sobre solos com risco de infiltração

Trincas em paredes e pisos de imóveis podem ser indício de comprometimentos na estrutura da edificação

seg, 24/02/2003 - 9h50 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Imprensa da Unesp


Nem sempre as trincas que surgem em paredes e pisos de imóveis são causadas por problemas como má preparação do cimento ou da argamassa. Podem ser indício de comprometimentos na estrutura da edificação. Solos do tipo arenoso e poroso são suscetíveis a infiltração de fluidos, fato que geralmente ocorre por ruptura de canos e esgotos.

Isso está demonstrado no trabalho Carta de risco de colapso de solos para a área urbana do município de Ilha Solteira/SP, da engenheira civil Cíntia Magda Gabriel de Oliveira, pesquisadora na área de Recursos Hídricos e Tecnologias Ambientais do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia (FE) da Unesp, câmpus de Ilha Solteira.

Colapso dos solos

Orientada pelo professor José Augusto de Lollo, do Departamento de Engenharia Civil da FE, preparou dissertação de mestrado em que avalia o processo de colapso dos solos nos quais se assentam edificações. Embora restrito à Ilha Solteira, o trabalho é abrangente, pois 60% dos solos do Estado de São Paulo estão sujeitos a esse tipo de ocorrência.

Outros Estados, como Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Distrito Federal, apresentam solo com características semelhantes. As construções sobre esses solos podem não só apresentar trincas, como ruir parcial ou totalmente.

O trabalho – pioneiro no País – contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e com apoio do Laboratório de Engenharia Civil da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), de Ilha Solteira.

“Quando há infiltração de águas, esse tipo de solo sofre desestruturação perdendo capacidade de carga, ou seja, de sustentar o imóvel”, explica a pesquisadora.

A pesquisa

A engenheira iniciou seu trabalho visitando residências de Ilha Solteira, escolhidas por sorteio. Em todas, entrevistou os moradores e avaliou as fissuras encontradas. Após observar a distribuição das trincas das casas, questionou os proprietários sobre a existência das rachaduras, indagou se já tinham sido realizadas obras de reparo, o custo delas e se sabiam de alguma construção vizinha com problemas semelhantes.

As informações levantadas podem ajudar a conscientizar a população sobre os cuidados para se construir em solos sujeitos a colapsos. “É importante identificar a existência desses tipos de solo, pois podem ser responsáveis por danos materiais e custos elevados com obras de recuperação.”

Especialista no assunto, o professor José Augusto de Lollo ressalta a importância da divulgação do trabalho para que o problema seja identificado na fase de projeto e construção. “Outra proposta do Departamento de Engenharia é oferecer aos profissionais da área em todo o País estudos sobre o comportamento do solo, como avaliar os locais de risco e as soluções tecnológicas disponíveis.”

Marcia Bitencourt