Especial do D.O.: Simpósio Internacional do Café debate rumos da produção nacional

Participam do evento, que termina amanhã, dia 4, 62 especialistas brasileiros e estrangeiros

qua, 03/12/2003 - 14h02 | Do Portal do Governo

Termina amanhã, dia 4, o 1º Simpósio Internacional sobre Qualidade de Café, promovido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), órgão vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura. O evento, que começou na segunda-feira, dia 1º, está sendo realizado diariamente no IAC, a partir das 8 horas, tendo por objetivos debater os desafios do setor cafeeiro, impulsionar o agronegócio e conquistar novos consumidores.

Estão presentes 62 especialistas brasileiros e estrangeiros ligados à pesquisa, comércio, indústria, agrônomos e de todos os elos da cadeia produtiva cafeeira. Em 2002, o café teve safra de 48,4 milhões de sacas e a marca histórica de 28,1 milhões de sacas exportadas, gerando receita de U$ 1,4 bilhão.

De acordo com os pesquisadores do IAC, Terezinha Salva e Oliveiro Guerreiro Filho, o simpósio está analisando toda a cadeia produtiva do insumo agrícola em âmbito nacional. Os debates seguem uma orientação definida: fazer o café de qualidade brasileiro conquistar espaço no mundo. Maior produtor e exportador mundial, o Brasil é conhecido pelos compradores como um produtor de grande quantidade e não de qualidade.

Segundo Terezinha, as palestras estão fornecendo subsídios aos participantes para que eles possam analisar os problemas existentes, considerando o seu micro-sistema. Ou seja, o produtor, industrial ou comerciante pode aplicar os ensinamentos transmitidos nas palestras em sua atividade, adaptando as informações às demandas existentes em sua etapa de produção e em sua localidade. ‘Vamos inserir o pequeno produtor no grande mundo e desafiá-lo a questionar a questão da qualidade’, afirma a pesquisadora.

Produção paulista

O Sindicato da Indústria de Café do Estado (Sindicafé-SP) estima que a indústria cafeeira paulista tenha vendido R$ 1,15 bilhão em 2003. O produto final teve uma valorização de quase 50% desde julho do ano passado, em função da elevação de 130% da matéria-prima.

Atualmente, 13,5 milhões de sacas são consumidas no Brasil, segundo maior consumidor mundial, e a meta é atingir 16 milhões até 2005. Os Estados Unidos, primeiros colocados no consumo, atingem 18 milhões de sacas anualmente. Para aumentar as vendas, o café tem que atrair novos consumidores e conquistar a fidelidade dos já existentes.

Na opinião do pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), Luís Moricochi, os concursos de cafés especiais têm ajudado a melhorar a imagem do produto brasileiro no exterior. Ele conta que há cerca de um ano, num leilão, foi arrematada uma saca de café por U$ 1.700,00, quando o valor era de R$ 170,00, o que mostra a qualidade do grão nacional.

A indústria nacional credita à falta de investimentos em marketing uma das principais deficiências do setor. Moricochi cita que a Colômbia investe cerca de US$ 30 milhões em marketing por ano, enquanto no Brasil esse valor é irrisório. O pesquisador do IAC, Oliveiro Guerreiro Filho, acredita que o simpósio possa ser um primeiro passo nessa direção.

O papel do IAC

Por meio de um Programa de Melhoramento do Cafeeiro, criado em 1932, o IAC tem selecionado, desenvolvido e lançado inúmeros tipos de café com características de alta qualidade e que há muitos anos é a base da cafeicultura brasileira, representando mais de 90% do parque cafeeiro nacional. Mas além das fronteiras nacionais, a base da cafeicultura de outros países produtores também está calcada em material brasileiro selecionado pelo IAC – a variedade caturra.

Dos 66 tipos desenvolvidos no IAC no decorrer de 70 anos de pesquisas, as principais são: bourbon vermelho e amarelo, caturra vermelho e amarelo, mundo novo, acaiá, catuaí vermelho e amarelo, icatu vermelho e amarelo, icatu precoce, obatã, tupi e ouro verde. Essas variedades têm potencial para produzir cafés em quantidade e qualidade tanto para grandes cafeicultores como para pequenos. O investimento em pesquisa do IAC se reflete hoje nos concursos de qualidade de café realizados pelas mais diferentes entidades. Em 2002, o primeiro classificado no Concurso de Café de Qualidade de São Paulo ‘Prêmio Aldir Alves Teixeira’ foi a variedade obatã, lançada oficialmente pelo IAC em 2000.

No Concurso de Qualidade Cafés do Brasil, promovido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais, as variedades utilizadas nas amostras vencedoras são do IAC. No Prêmio Nacional Cafés do Brasil houve 31 lotes com notas acima de 80. Desse total, 28 são do IAC, com destaque para o café catuaí, com 19 lotes. No Prêmio Especial Gold Cup of Excellence, cinco lotes tiveram notas acima de 90 na avaliação de júri internacional – todos do IAC. No Prêmio Cup of Excellence, de 23 lotes com notas acima de 80, 19 são do IAC.

Da Assessoria de Imprensa do IAC

(AM)