Especial do D.O.: Projovem é alternativa de qualificação profissional para jovens do campo

Programa atende alunos entre 14 e 21 anos, filhos de pequenos agricultores

sex, 07/11/2003 - 10h18 | Do Portal do Governo

Trabalhar a terra herdada dos pais, colher os frutos e nela permanecer em condições dignas. Filhos de agricultores que trazem esse sonho podem concretizá-lo graças ao Programa de Formação de Jovens Empresários Rurais (Projovem), que combina formação integral, adaptada à realidade rural, com a prática dos ofícios do campo. Com o aprendizado, eles adquirem conhecimento para administrar suas propriedades de maneira competitiva e sustentada, além de garantir renda à família.

Ao constatar que faltava à maioria dos jovens condições de freqüentar os cursos das escolas agrotécnicas por não terem conseguido terminar o primeiro grau, e que a migração para as cidades ocorria pelas restritas perspectivas de futuro no campo, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps), instituições vinculadas à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, idealizaram o Projovem.

‘Em tempos de globalização, alta competitividade do mercado e baixa oferta de trabalho, a formação técnica de agricultores e a sua qualificação profissional são essenciais para assegurar sua permanência no meio rural. O Projovem é uma alternativa para que eles não migrem para as cidades e se tornem mão-de-obra barata e, ainda, oferece novas perspectivas de vida’, sintetiza o coordenador do programa, o professor Fernando Curi Peres, da Esalq.

Peres acrescenta que a idéia central do Projovem é preparar os futuros agricultores para o empreendedorismo, o gerenciamento das terras e proporcionar oportunidades de desenvolvimento pessoal, social e econômico necessárias à prosperidade e evitar o êxodo rural. ‘O projeto propicia fixação digna do jovem e de sua família no meio rural.’

Empresário rural

Elaborado em 1996 e colocado em prática no ano seguinte, o programa atende atualmente a 267 alunos nos sete núcleos espalhados por 15 municípios do interior do Estado. Cada núcleo educacional dispõe de um engenheiro agrônomo ou outro profissional das ciências agrárias, dois técnicos agrícolas e um cozinheiro.

O oitavo núcleo educacional – que está em construção em Mirante do Paranapanema – deverá entrar em funcionamento no ano que vem e abrigará 30 adolescentes. Há ainda outras três turmas em fase de estruturação para ocupar os já existentes.

Para participar é preciso ter entre 14 e 21 anos, ser filho de agricultores de baixa renda, meeiros ou trabalhadores rurais. O futuro empresário rural precisa dispor de quantidade mínima de terra e de capital físico (máquinas e equipamentos) que podem ser obtidos por parcerias ou arrendamentos.

Durante os três anos em que permanece no programa, o aluno define, planeja e executa seu próprio projeto para assegurar a sobrevivência no campo. No final, recebe certificado de conclusão que não precisa de reconhecimento pelo sistema educacional formal.

Programa comunitário

De acordo com o coordenador, existe grande diferença entre os colégios agrícolas e os núcleos educacionais. Enquanto a escola agrícola forma profissionais de ciências agrárias (técnicos agrícolas), o núcleo oferece condições aos jovens agricultores de se tornarem empreendedores rurais, além de permitir a sua integração social com a comunidade. ‘A propriedade ou o sítio onde o estudante rural executa o projeto é o seu laboratório vivo de aprendizado’, exemplifica.

Recursos escassos

O Projovem tem 32 programas financiados pela Associação Central de Pais (ACP). Outros 60 estão prontos na fila de espera para receber investimentos. ‘Só estamos conseguindo financiar os melhores projetos porque os recursos são escassos. Estamos buscando novos parceiros na iniciativa privada para ampliar o atendimento. Há trabalhos excelentes não aproveitados por falta de verba’, ressalta o presidente da ACP, Paulo César Paulino.

A coordenadora do Projovem junto à Ceeteps, Solange Delfini, reforça as palavras: ‘O grande nó é conseguirmos os recursos necessários’.

Como prova de que a iniciativa é bem-sucedida, Peres cita um dado básico: todos os estudantes que fizeram empréstimos para financiar seus projetos estão pagando em dia. Outros, além de quitarem a dívida, assumiram a terra e adotaram as novas técnicas aprendidas que permitiram aumentar a produtividade e os lucros.

SERVIÇO
Interessados em ser parceiros do Projovem podem obter outras informações pelos telefones (18) 271-3687/5999 e 9773-2982

Claudeci Martins
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)