Especial do D.O.: Programa Ciência na Escola incentiva pesquisa entre alunos e professores

Projeto reuniu alunos de ensino médio e fundamental de escolas de Campinas

dom, 07/12/2003 - 14h49 | Do Portal do Governo

O Projeto Ciência na Escola Projeto reuniu alunos de ensino médio e fundamental de escolas de Campinas, que apresentaram seus trabalhos em dois seminários realizados no Centro de Convenções da Unicamp. Alunos da escola Bento Quinino pesquisaram o impacto da tecnologia na sociedade. Genomas, utilização do laser, transgênicos, células-tronco e clonagem foram alguns dos temas que eles pesquisaram na Internet, em revistas e na literatura científica. Realizaram também entrevistas para apurar o grau de conhecimento das pessoas em relação às novas tecnologias.

Uso de drogas, gravidez precoce e violência na adolescência foram abordados pela turma da escola Coriolano Monteiro. Entrevistaram alunas grávidas ou que tiveram filhos ainda jovens. Apresentaram também um vídeo com depoimentos das famílias das meninas, ressaltando a importância do uso de métodos contraceptivos.

Todo mundo pesquisando

O Ciência na Escola objetiva a formação de alunos e professores como pesquisadores, estudando a realidade de forma integrada com os conteúdos curriculares. A produção do conhecimento é baseada na metodologia de pesquisa científica.

“Eu acredito que um dos principais problemas da educação é tratar o professor como técnico. Ele também precisa pesquisar. Não queremos criar uma metodologia engessada, é um processo dinâmico”, disse Afira Ripper, coordenadora do projeto.

Atualmente, 48 professores de escolas municipais e estaduais de Campinas participam de reuniões semanais com docentes da Unicamp para investigar temáticas de natureza interdisciplinar. Professores de física, química, biologia, português, ciências e educação artística trocam experiências para orientar seus alunos na realização dos trabalhos.

O Ciência na Escola é financiado pelo Programa de Ensino Público da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e recebe apoio do Centro de Óptica e Fotônica (Cepof), do Instituto de Física da Unicamp.

A primeira fase do projeto, que pretende melhorar a qualidade do ensino público e criar condições para que os alunos ingressem nas universidades públicas, começou em 1996 e terminou em 1999. A segunda fase começou em 2000 e será desenvolvida até 2004, quando será lançado o livro “Tecendo novos territórios pedagógicos”, com artigos assinados pelos professores.

Em 2002, oito escolas públicas (seis municipais e duas estaduais) participaram do projeto. Foram 32 professores que trabalharam diretamente com 758 alunos. De forma indireta, 2.755 alunos se beneficiaram com a formação continuada de seus professores.

Primeiros passos

Para estimular ainda mais a produção científica, o projeto está atendendo sete professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental. “Criamos o programa Primeiros Passos porque é preciso começar cedo, ensinando metodologia científica para as crianças”, explica Afira Ripper.

As crianças apresentaram seus trabalhos durante o seminário realizado no dia 27 de novembro. Os professores e coordenadores fizeram questão que os alunos cuidassem de tudo. Eles subiram ao palco sozinhos e puderam ler os resultados de suas pesquisas.

“O seminário representa a oportunidade de alunos e professores mostrarem seus trabalhos”, disse Maria Teresa Alexandre, coordenadora do Primeiros Passos, que acredita que os alunos de 1ª a 4ª série, trabalhando como pesquisadores, podem ampliar seus conhecimentos da realidade.

A turma da Escola Municipal de Ensino Fundamental Elvira Muraro aproveitou o trabalho para diminuir os problemas da sala de aula e melhorar a convivência dos alunos. Para buscar a origem das diferenças, pesquisaram pais de alunos e formaram uma assembléia de classe com reuniões semanais, construindo um grupo cooperativo de trabalho.

“A finalidade é transformar o professor em pesquisador. Depois, a criança também vira pesquisadora. O projeto trouxe conhecimento e desenvolvimento para as crianças”, garante Maria Lucia Martins Volpato, professora da Escola Municipal Professor Vicente Rao, que desenvolveu o projeto Aprendendo a Plantar, com alunos de 1ª série.

Depois da leitura de um texto que ensinava a plantar, as crianças resolveram construir uma horta. Exibiram orgulhosos as fotos da visita a um agricultor e da plantação e colheita das verduras. Trouxeram para o seminário uma cesta com amostras das verduras e legumes que podem ser retiradas da horta da escola. Na merenda da escola, foram incluídos rabanete, cenoura, beterraba, salsa e repolho da nova horta.

As crianças encerraram a apresentação, fazendo a leitura dos resultados: “Aprendemos que toda criança precisa comer muita verdura e muitos legumes para crescer saudável. A plantinha deve ser bem tratada, regada todos os dias, ter muito carinho. Daí, ela vai ficar bem bonita, como a da nossa horta”.

SERVIÇO
Quem quiser saber mais sobre o Ciência na Escola, pode acessar www.leia.fae.unicamp.br

Regina Amábile
Da Agência Imprensa Oficial