Especial do D.O.: Potencial turístico e econômico dos Rios Tietê e Paraná em estudo

Medida vai dinamizar o turismo ecológico, o agroturismo e desenvolver esportes aquáticos na região

ter, 29/04/2003 - 9h25 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


O secretário de Estado da Juventude, Esporte e Lazer, Lars Grael, com o apoio do navegador Amyr Klink e da Marinha Brasileira, percorreu a Hidrovia Tietê-Paraná para conhecer, mapear e avaliar o potencial econômico, turístico, esportivo e de lazer de toda a região. Promovida pela prefeitura de Barra Bonita, a viagem começou na terça-feira, dia 22, em Dois Córregos e terminou, no domingo, dia 27, em Presidente Epitácio.

As potencialidades e carências observadas no percurso constarão de um relatório, a ser entregue ao governador no prazo de 45 dias, afirma o secretário. “O objetivo é produzir documento detalhado propondo políticas específicas para os municípios banhados pela hidrovia, contendo desde rede de estrutura logística até eventos esportivos para atrair o público e a iniciativa privada. O potencial dessas águas para esportes e lazer é ilimitado, mas está sub-utilizado.”

O programa de investimento da chamada hidrovia do Mercosul, por integrar quatro países do Cone Sul e escoar produtos de quatro estados brasileiros (São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul), será desenvolvido e executado em conjunto pelas Secretarias de Estado da Juventude, Esporte e Lazer; da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo; dos Transportes; Recursos Hídricos; Saneamento e Obras; e de Planejamento.

O trabalho coletivo busca revitalizar a mata ciliar, preservar o meio ambiente, dinamizar o turismo ecológico, fluvial e o agroturismo. Desenvolver esportes aquáticos, atividades náuticas e a pesca amadora em toda a região ribeirinha da hidrovia paulista. As diretrizes e recursos serão incluídos no plano plurianual de 2004/2007.

De costas para o rio

No trajeto, o barco Ana C passou por 80 cidades que beiram os Rios Tietê e Paraná, barragens, eclusas e a hidroelétrica de Jupiá. Nas diversas paradas nos municípios, o secretário conversou com autoridades locais, ouviu pedidos e pôde verificar a realidade local.

“O que mais observei foram construções residenciais, empresarias e hotéis de costas para o rio. Isso demonstra que não há cultura náutica, gerando desperdício de todo o potencial que eles oferecem. O Tietê é um mar de água doce e limpa propício à prática de vela, remo e canoagem.”

Amyr Klink reforçou as palavras do secretário e lamentou a falta de infra-estrutura da hidrovia e do conhecimento precário a respeito das possibilidades trazidas pelos rios. “Não existem cais, píer, terminais, marinas (para ancoragem e abastecimento), e não há estratégia ou orientação para o uso náutico. É inadmissível não aproveitar o potencial dessa extensão navegável – 2,4 km – com tal qualidade de água e paisagem maravilhosa. Isso tudo está esquecido pelas cidades que fazem frente para a água.”

Hidrovia subaproveitada

O almirante Carlos Afonso Pierantoni, do 8o Distrito Naval, um dos idealizados do projeto de dinamização do uso das águas dos rios, destacou que a hidrovia está sub-aproveitada. “No ano passado, foram transportadas duas mil toneladas de produtos. A capacidade total é de 24 mil. Noto que os comboios sobem a hidrovia carregados de grãos provenientes da região centro-oeste (São Simão), e voltam vazios.”

O transporte hidroviário, o mais barato do mundo, traz vantagens como redução do custo em 50% em relação ao meio rodoviário e possui terminais intermodais de múltipla função unindo rios, trilhos e rodas. Pierantoni ressalta ainda que a melhor exploração dos recursos da hidrovia vão tornar os produtos mais competitivos e gerar oportunidades de desenvolvimento de áreas de lazer, esporte, recreações, marinas e portos turísticos.

Projeto Navegar terá núcleos em cinco cidades

Durante a viagem, o secretário falou do lançamento de núcleos do Projeto Navegar em cinco municípios. O primeiro, cujo protocolo de criação já está assinado, será Presidente Epitácio. Os demais serão criados em Avaré, Barra Bonita, Cananéia e Paraibuna.

Resultado da parceria entre a Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer, Ministério do Esporte, 8o Distrito Naval da Marinha do Brasil, e das prefeituras, o intuito do projeto é promover a inclusão social de alunos carentes da rede pública de ensino de todo o Estado.

Cada núcleo atende a 160 jovens com idade entre 12 e 15 anos. Eles aprendem prática esportiva, principalmente nas modalidades canoagem, remo e vela. São ministradas também aulas de Educação Ambiental e de Regras de Tráfego Marítimo. Ao final do curso, recebem carteirinha de veleiro amador.

O primeiro projeto foi idealizado e organizado em 1999, no Distrito Federal, por Lars Grael, quando secretário do Ministério do Esporte e Turismo. Atualmente existem 37 núcleos espalhados em 18 Estados, que atendem a 12 mil jovens por semestre.

Claudeci Martins

(AM)