Especial do D.O.: PM de Bauru promove gestão participativa com Programa de Qualidade

A principal missão da corporação é prestar atendimento de qualidade à população

sex, 30/07/2004 - 13h03 | Do Portal do Governo

Na busca por soluções para resolver os problemas de segurança, a corporação tem hoje como principal missão prestar atendimento de qualidade à população. Trata-se de uma das mudanças mais significativas promovidas na atuação da Polícia Militar nos últimos 10 anos. E não tem sido uma tarefa simples realizar essa transformação, considerando-se que ela vem sendo feita em uma organização com 173 anos de existência e um efetivo de mais de 92 mil homens e mulheres, com diferentes formações sociais e educacionais.

‘Para nos adaptarmos ao novo modelo de gestão, deixamos de lado os procedimentos burocráticos e passamos a priorizar os resultados’, diz o Major David Antonio de Godoy, da 6ª Seção do Estado-Maior da Polícia Militar, órgão do Comando Geral que administra o Programa de Qualidade da Polícia Militar. O caminho encontrado foi aproximar-se da comunidade e integrá-la na busca de soluções para os problemas de segurança. Para isso, foram criados o Conselho Geral da Comunidade, a Polícia Comunitária e a Comissão Estadual de Direitos Humanos, além de se potencializar o trabalho dos Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs).

Mas ainda restava uma dúvida: como fazer dar certo um programa dessa envergadura? Consultores foram contratados e a solução veio de exemplos observados em outros países como o Japão. “Chegamos à conclusão de que era preciso adotar um modelo de gestão participativa, a começar pela conscientização de todos os participantes para que se envolvessem no processo de mudanças, contando para isso com o apoio das lideranças”, explica o coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, Comandante do Comando de Policiamento do Interior – Região IV.

Evoluindo com qualidade – Para disseminar a cultura da qualidade, vários cursos vêm sendo ministrados desde 1997. ‘Podemos afirmar que, atualmente, em todas as organizações da Polícia Militar existe um profissional técnico capaz de assessorar os comandos na condução de projetos voltados ao aperfeiçoamento administrativo e operacional”, afirma o major Godoy.

Os conceitos da qualidade trouxeram uma nova visão a respeito da prestação de serviços ao público. ‘Temos de oferecer bons serviços, pois não estamos fazendo nenhum favor. E a transparência nas ações é cada vez mais cobrada de todos, porque se não há transparência, não existe seriedade. Para implementar essas mudanças é indispensável passar por um processo de aculturamento. Mesmo que sirva na tropa de choque, o policial tem de assimilar os conceitos da filosofia da qualidade. Com isso, ele vai poder proporcionar melhor atendimento e mais segurança à população’, afirma o coronel Borges.

Na cidade de Bauru encontra-se um bom exemplo dos resultados operacionais positivos obtidos com a aplicação das ferramentas da qualidade. Descentralização e comprometimento são as principais diretrizes adotadas na região. Além disso, o espírito de equipe, o entrosamento, o entusiasmo e muito preparo também são percebidos no Comando de Policiamento do Interior – Região IV (CPI-IV) que engloba as regiões administrativas de Bauru, Marília e Presidente Prudente, com 143 municípios, 2,6 milhões de habitantes e nove batalhões da PM.

Cursos constantes, intercâmbios com outros países e a preocupação com todos os colaboradores confirmam que a gestão participativa funciona. Parceria é outro conceito fundamental. Seja com as universidades da região, com a Federação das Indústrias e do Comércio ou com representantes de classes. Como explica o major Manoel Messias Mello, ‘a primeira grande mudança ocorreu quando a Polícia Militar deixou de se ocupar unicamente com a defesa do Estado e passou a se preocupar principalmente com a proteção da comunidade’.

Para atender bem à comunidade era necessário antes preparar o público interno, elevar a auto-estima desse contingente e oferecer melhores condições de trabalho. Assim, foi priorizado o programa de valorização do policial. Atendimento médico e odontológico foram melhorados e campanhas preventivas intensificadas. Além disso, psicóloga e assistente social passaram a desenvolver um trabalho de apoio ao policial. ‘Em caso de confronto, o policial vai conversar com a psicóloga. Ninguém fica em seu estado normal em um enfrentamento desse tipo’, diz o major. Um programa de preparação para a aposentadoria também foi posto em ação.

Detalhes fazem a diferença – Reformas de vestiários e de acomodações também foram providenciadas. ‘Visito todas as bases e quero ver em que condições os homens estão trabalhando. Nos detalhes fazemos a diferença’, informa o coronel. A cavalaria é um bom exemplo. Acomodações e vestiários de policiais foram totalmente reformados. O uniforme também foi trocado. ‘Antes era mais parecido com o da tropa de choque. Buscamos um uniforme que tivesse visual mais próximo da comunidade’, conta o comandante. O cabo Agnaldo Prado Magalhães e o soldado Sandro Santino da Silva comparam e reconhecem que hoje dispõem de condições muito melhores. Até os cavalos, hoje, dispõem de condições mais adequadas.

Criando parcerias – Interagir é fundamental. Esse é o conceito em Bauru, como disse o diretor titular da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – Ciesp. José Luiz Miranda Simonelli confirmou que o histórico de parcerias com a Polícia Militar e o empresariado da região é grande. A construção da base de policiamento comunitário da região Sudeste, a doação de equipamentos ao Copom são alguns exemplos. ‘Ter um parceiro como a PM chega a ser prazeroso; o empresário quer participar porque sabe que o Estado tem dificuldades e a Polícia Militar de Bauru não está esperando acontecer, está correndo atrás de soluções. O que tentamos fazer são ações coordenadas em projetos que contribuem para que todos tenham mais segurança. O empresário de Bauru confia, ele participa porque sabe que haverá um gerenciamento eficiente da sua doação.”

O advogado Pellegrino Bacci Neto, secretário do Conseg Bauru, região centro-sul, garante que, os Consegs funcionam muito bem (são quatro). Ele destaca ainda o bom relacionamento entre a comunidade e as Polícias Civil e Militar. ‘Percebemos absoluta vontade de resolver os problemas, de desburocratizar. Aqui a Polícia Militar quer auxiliar as pessoas de forma rápida e eficiente. Hoje a PM é presente’, disse Bacci Neto.

Subordinado ao Comando de Policiamento do Interior – Região IV está o 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior. A unidade conquistou a categoria Prata em dois concursos da qualidade da gestão: no Prêmio Paulista de Excelência de Gestão e o Prêmio Polícia Militar da Qualidade.

Adotando o conceito de descentralização, a cidade está dividida em duas companhias. Cada companhia responde por três bases comunitárias e em cada base um tenente é responsável. ‘O policial não é responsável por seu turno de serviço, mas por sua área. Adotamos o conceito de responsabilidade territorial. Cada pedaço de Bauru tem um tenente’ comenta o tenente-coronel José Alexandre Cintra Borin.

Nesse sentido foi criado o programa ‘Personalizando a emergência’ em que um sargento é apresentado à população como o agente de segurança daquela área. Um jornal local da região imprimiu mais de 100 mil folders com informações sobre os serviços prestados e disponíveis ao usuário, inclusive com divulgação dos telefones de acesso.

Esses folhetos trazem a fotografia do supervisor da respectiva área que foram distribuídos, personalizando o chefe de polícia local, tornando-o conhecido dos cidadãos do bairro. Ímãs de geladeira também são produzidos. ‘O próximo passo será personalizar o soldado e o cabo que atuam em cada região.”

O Batalhão tem inovado e feito escola. Dois bons exemplos: o Programa Jovens Construindo a Cidadania (JCC), programa de combate à violência desenvolvido com adolescentes e policiamento feito com bicicletas, inspirado no Departamento de Polícia de Miami, nos Estados Unidos.

‘Quando dois de nossos capitães participaram de um curso nos Estados Unidos, trouxeram a sugestão do policiamento ciclístico que julgamos viáveis em nossa região’, diz o Major Manoel Messias Mello do CPI-IV.

Em busca de excelência na prestação de serviços, a PM estabeleceu parceria com o Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp para a realização de pesquisas de opinião pública. E é com base nos resultados das pesquisas que procura definir seu padrão de atuação.

Joice Henrique, da Agência Imprensa Oficial