Especial do D.O.: Pesquisador descobre vacina para combater doença da casca do ovo

Anomalia está relacionada a agentes infecciosos, como vírus e bactérias

qua, 19/02/2003 - 11h21 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


O médico veterinário João Takashi Ohashi pesquisou e descobriu uma vacina contra a má-formação da casca de ovos de galinha, doença que leva à ovosporose. Seu projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Esse problema causa perdas consideráveis: no Brasil chegam a 7,4% ao ano; nos Estados Unidos a 6,4% e na Alemanha a 8%. Assim que o produto receber aprovação do Ministério da Agricultura e patente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) poderá ser comercializado.

De 1998 a 2002, o veterinário estudou o problema em seu próprio laboratório de biotecnologia, localizado em Campinas. Com a coordenação da professora Masaio Mizuno Ishizuka, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, verificou que a anomalia poderia estar ligada a agentes infecciosos, como bactérias. “As pesquisas mostraram correlação entre lesões na medula óssea provocadas por bactérias e a qualidade da casca”, explica o médico.

Descobertas

As aves botavam um número excessivo de ovos sem casca ou com casca extremamente fina. Enquanto especialistas indicavam que os fatores da irregularidade seriam apenas a idade avançada das galinhas, má nutrição, problemas genéticos e ambientais, os estudos do veterinário apontavam existência de vírus, responsável por muitos estragos no metabolismo de cálcio das aves.

Comprovou-se que os dois fatores descobertos (vírus e bactéria) representam problemas relacionados à ovosporose, conhecida como a osteoporose das aves. A nutrição inadequada, manejo e doenças causadoras de lesão do trato reprodutor, bronquite e outras infecções também contribuem para a má-formação da casca.

O veterinário e a coordenadora dedicam-se ao desenvolvimento de vacina mista (bacteriana e viral) para minimizar os prejuízos. O vírus tem transmissão vertical, ou seja, a galinha contagia os filhotes. Com a vacina mista, esse ciclo é interrompido, pois há a imunidade passiva por meio da gema de ovo.

A vacina combate as bactérias Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Enterococcus sp nas linhagens isoladas de galinhas. A vacinação deve ser feita até a 16ª semana de vida das aves, quando inicia-se a fase reprodutiva das poedeiras. ‘No início, a doença gera pequenas perdas, que se acentuam à medida que atinge o final do período reprodutivo’, relata a professora.

Perdas: 1,3 bilhão de ovos

O último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que as granjas com 10 mil ou mais poedeiras produziram 21,3 bilhões de unidades de ovos em 2002. Desse total, o prejuízo chegou a 1,3 bilhão de unidades.

O pesquisador informa que futuramente pretende iniciar estudos semelhantes na área de patologia óssea humana, em cooperação com hospitais especializados, o que poderá beneficiar pacientes com osteoporose.

Viviane Santos
Da Agência Imprensa Oficial
(Fonte: revistapesquisa.fapesp.br)