Especial do D.O.: Meio Ambiente destina US$ 18,9 milhões para recuperar matas ciliares

Iniciativa será desenvolvida durante quatro anos, nas cinco bacias hidrográficas consideradas prioritárias: Paraíba do Sul, Piracicaba, Mogi-Guaçu, Ti

sex, 21/05/2004 - 13h00 | Do Portal do Governo

A estrutura, as funções e a estabilidade da Mata Atlântica e do cerrado paulista estão ameaçadas pela degradação do solo e pelo desmatamento. Esses fatores representam ameaças concretas aos biomas e contribuem, de forma significativa, para o agravamento da pobreza no meio rural. Para reverter esse quadro, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado criou grupo de trabalho para estudar as formas de recuperação de matas ciliares no Estado.

O resultado foi apresentado a uma platéia de cerca de 300 pessoas na última quarta-feira, dia 19, durante o seminário “Projeto de Recuperação de Matas Ciliares do Estado de São Paulo”, realizado no auditório Augusto Ruschi, na sede da Secretaria. O projeto prevê a aplicação de recursos no valor de US$ 18,9 milhões, provenientes de organismos internacionais e do Governo do Estado.

A iniciativa será desenvolvida durante quatro anos, nas cinco bacias hidrográficas consideradas prioritárias: Paraíba do Sul, Piracicaba, Mogi-Guaçu, Tietê-Jacaré e Aguapeí. Os números finais dessa pesquisa ajudarão na formulação de um programa que futuramente poderá ser ampliado para todo o Estado.

A estrutura da ação foi dividida em cinco componentes: Desenvolvimento de Políticas; Apoio à Restauração Sustentável de Florestas Ciliares; Investimentos em Práticas de Uso Sustentável do Solo e Restauração Florestal; Capacitação, Educação Ambiental e Treinamento; e Gestão, Monitoramento e Avaliação, Disseminação de Informações.

Sociedade deve ajudar

Em novembro do ano passado, o Global Environmental Facility (GEF) analisou e aprovou o projeto. O GEF é um organismo financeiro internacional, integrado por 176 países, que atua em benefício do meio ambiente global, mediante doações para países em desenvolvimento, destinadas à criação de projetos ambientais.

Paulo Kageyama, que dirige o Programa Nacional de Conservação da Biodiversidade, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, disse que o projeto da SMA é resultado do trabalho de técnicos e especialistas paulistas. Ele lembrou que foi em São Paulo que a tecnologia de restauração de matas ciliares nasceu e foi consolidada: “Eu me orgulho de pertencer ao grupo que há 20 anos iniciou essas pesquisas. Como professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz , fui pioneiro nesse estudo ao firmar convênio com a Companhia Energética de São Paulo (CESP), que na época iniciava o plantio de mata ao redor dos reservatórios”.

Kageyama destacou que, há 20 anos, a Mata Atlântica representava cerca de 10% de sua área original, enquanto hoje, tem cerca de 7%: “No início dos anos 80 já alertávamos que a manutenção da Mata Atlântica dependia da conservação das matas ciliares.” Ressaltou ainda que não existe programa efetivo de recuperação de matas ciliares em nenhum Estado brasileiro, mas que em toda a costa, onde há Mata Atlântica, a degradação é bem parecida. “São Paulo dá início a um programa sério e bem articulado, que para ser levado adiante precisa da ajuda da sociedade”, disse o professor.

O secretário do Meio Ambiente, professor José Goldemberg, concorda. Para ele, a iniciativa precisa da cooperação de parceiros e não pode ser desenvolvida de cima para baixo: “Achei importante realizarmos esta apresentação para que, de forma democrática, a sociedade possa discutir, contribuir e dar sugestões”.

Da Agência Imprensa Oficial

(AM)