Especial do D.O.: Mapa registra homogeneidades e exclusões da juventude paulistana

Foram visitados 5.250 domicílios e aplicados 2.259 questionários

qui, 06/05/2004 - 10h07 | Do Portal do Governo

Pesquisadores do Centro de Estudos da Cultura Contemporânea (Cedec) mapearam a presença juvenil na cidade de São Paulo para verificar homogeneidades e segregações dos jovens no espaço urbano paulistano. O levantamento para a elaboração do Mapa da Juventude, encomendado pela prefeitura, ouviu pessoas entre 15 e 24 anos em diferentes bairros da capital no ano passado.

O resultado foi apresentado na Lua Nova: Revista de Cultura e Política, publicação do Cedec, entidade civil sem fins lucrativos que se dedica ao estudo de problemas da realidade brasileira, que tem apoio de agências de financiamento e órgãos governamentais, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a Financiadora de Estudos e Projetos e a Fundação de amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A primeira etapa consistiu na divisão de São Paulo em cinco grandes áreas, agrupando os 96 distritos administrativos nas chamadas Zonas Homogêneas (ZH). O intuito foi elaborar o Indicador Composto Juvenil (ICJ), uma espécie de ranking que leva em conta as condições de vida da população nos diferentes bairros”, afirmam as pesquisadoras Amélia Cohn, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e Aylene Bousquat, professora do programa de pós-graduação em saúde coletiva da Universidade Católica de Santos.

O indicador teve como referência variáveis de pesquisas feitas sobre vulnerabilidade juvenil, exclusão social e risco de violência. Com as médias definidas, os distritos foram classificados por zonas de 1 a 5. Da ZH1 fizeram parte aqueles que ofereciam melhores condições de vida para os jovens e, da ZH5, as piores.

Exclusão digital

No total, foram visitados 5.250 domicílios e aplicados 2.259 questionários. A amostra considerou interesse de 50% e margem de erro de 5%. Os jovens responderam a perguntas sobre caracterização (idade, cor, sexo, local de moradia e naturalidade), situação familiar (com quem mora, estado civil e filhos), escolaridade, inserção no mercado de trabalho, atividades de lazer (locais que freqüenta, preferências musicais, uso de equipamentos públicos), acesso à Internet, participação em grupos e expectativas de atividades e equipamentos em seu bairro. Eles mostraram também o quanto estão informados sobre a aids.

Os cinco distritos com valores mais elevados do ICJ foram Jardim Paulista, Moema, Pinheiros, Itaim-Bibi e Consolação. Do outro lado da lista, Parelheiros aparece com o pior indicador, seguido por Grajaú, Jardim Ângela, Cidade Tiradentes e Iguatemi.

A porcentagem de pais e mães cresce conforme piora a classificação da zona. Comparando os extremos, na ZH1 2,6% das pessoas responderam afirmativamente quando perguntadas se tinham filhos. Já na ZH5, o número foi de 17,8%. Quanto à inserção do jovem no mercado de trabalho, 33,2% dos entrevistados disseram que trabalham. A ZH1 foi a que apresentou mais jovens inseridos – 43,6% contra 31,9% na ZH5 – o que, segundo as autoras, pode indicar que os empregadores têm exigido mais qualificações.

Quando o assunto é inserção no mundo digital, o trabalho constatou que apenas 38,2% deles têm acesso à Internet. A diferença é grande entre as zonas. Enquanto 72,4% dos entrevistados na ZH1 utilizam a rede, 24,1% têm a mesma oportunidade na ZH5.

Kárin Fusaro – Da Agência Fapesp
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)