Especial do D.O.: Inpe espera desvendar os segredos dos sprites

Fenômeno invisível ao olho humano dura apenas de 5 a 300 milésimos de segundos e tem intensidade luminosa muito fraca

qua, 08/01/2003 - 9h00 | Do Portal do Governo

Para pesquisar como ocorre os sprites, fenômeno ainda pouco conhecido, o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) lançou em novembro de 2002 no espaço, a partir de Cachoeira Paulista, a meio caminho entre as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, um balão atmosférico sem tripulação.

Os sprites são invisíveis ao olho humano, duram apenas de 5 a 300 milésimos de segundos, e têm uma intensidade luminosa muito fraca, ainda que se assemelhem aos relâmpagos, por emitirem flashes de luz.

O experimento faz parte de um projeto desenvolvido em conjunto com as universidades norte-americanas de Washington e Utah, patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Novas descobertas

Ao monitorarem o balão, os pesquisadores puderam observar, pela primeira vez, sprites que tinham a forma de mãos com os dedos voltados para baixo, e registraram a ocorrência desses fenômenos durante tempestades normais, típicas do sudeste brasileiro. Isso colocou em xeque teorias anteriores, que restringiam a ocorrência de sprites a tempestades de grandes proporções.

Os pesquisadores querem entender melhor como esse fenômeno se forma, calcular sua magnitude e variabilidade, e avaliar seus possíveis impactos ambientais. Querem descobrir ainda se os sprites têm características diferentes nos trópicos, onde ocorrem 70% das grandes tempestades. Com essa finalidade, o Inpe vai enviar ao espaço, no início de fevereiro, mais dois balões, que deverão permanecer na atmosfera até o final de março.

Atualmente, os estudos sobre esses fenômenos luminosos concentram-se nos Estados Unidos, embora astronautas em ônibus espaciais tenham detectado a ocorrência de sprites em outras regiões do planeta, inclusive na região de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1994.

Ameaças e riscos

O conhecimento mais profundo das características e efeitos dessas descargas elétricas pode ser de grande relevância para a futura aviação comercial, caso os vôos hipersônicos se tornem realidade, ressalta o pesquisador.

Hoje os aviões civis viajam a cerca de 10 quilômetros de altitude e a 900 quilômetros por hora. Mas a velocidade dos aviões
hipersônicos deve ser dez vezes maior, e a altitude de vôo chegará a 20 quilômetros do solo, justamente na faixa da atmosfera onde ocorrem os sprites.

Além disso, a fuselagem dessas aeronaves do futuro deverá ser feita à base de carbono, material que poderá ser afetado pela ocorrência dos sprites.

Outra preocupação dos pesquisadores é a semelhança entre as ondas de radiação emitidas pelos sprites e por mísseis nucleares. “A impossibilidade de estabelecer-se uma clara diferenciação entre os dois fenômenos pode confundir os observadores e provocar até uma guerra nuclear”, explica Osmar Pinto Jr., coordenador do projeto no Inpe.

Da Agência Imprensa Oficial
(Fonte: www.revistapesquisa.fapesp.br, www.inpe.br e http:delf.gi.alaska.edu/sprites)