Especial do D.O.: Imesc testa métodos para tornar serviço mais rápido e preciso

Investigação de paternidade poderá ser mais ágil e o exame de sangue será facilitado

seg, 01/09/2003 - 10h37 | Do Portal do Governo

Considerado um dos maiores centros de investigação de paternidade do mundo, o Instituto de Medicina Social e Criminológica de São Paulo (Imesc) está testando equipamento que permite reduzir em três vezes o tempo de análise do DNA e aumentar a precisão dos resultados. Está em fase de estudo a descentralização da coleta de sangue, atualmente feita apenas na sede do Imesc, e o uso de lanceta para retirar o sangue da orelha.

Metade dos laudos emitidos pelo Imesc refere-se a testes de DNA– e todos são realizados gratuitamente. Se a nova máquina com leitura a laser for aprovada, a identificação dos genes poderá ser feita em duas horas. Pelo processo atual leva-se até três dias. A previsão é que o novo método entre em funcionamento em 60 dias.

Lanceta substitui agulha

Outra novidade é a substituição da agulha pela lanceta, pequeno objeto com ponta afiada e descartável. Em vez de colher sangue da veia, retira-se da orelha. Além de ser bastante irrigada, essa parte do corpo é bem menos sujeita à dor. As gotas de sangue, em quantidade menor que pelo processo tradicional, são colocadas em cédulas de papel.

Finalizada a coleta, todas as pessoas envolvidas (criança, mãe e suposto pai) assinam o documento e fazem o reconhecimento mútuo, atendendo à exigência legal. A falta de qualquer uma das pessoas, impossibilita o processo. Em seguida, lacra-se a cédula que é colocada em uma urna e encaminhada ao laboratório do Imesc.

“O processo tradicional de coleta provoca choro e desconforto nas crianças. O novo procedimento elimina isso, garante a mesma confiabilidade e facilita a vida dos cidadãos. Hoje recebemos pessoas de todo o Estado para fazer o exame de DNA. Com os postos de coleta, que serão instalados nas regionais da Procuradoria Geral do Estado (PGE), a pessoa terá opções de locais para fazer o exame”, explica o superintendente do Imesc, Jonas de Almeida Brito.

Casos famosos

Além das perícias de DNA, o Imesc – que é vinculado à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania – faz também laudos médico-legais envolvendo exames clínicos e psiquiátricos. Todos os serviços são realizados a partir de pedidos do Poder Judiciário ou da PGE. Emite, em média, 2.400 laudos por mês. Alguns vão parar nas páginas de jornal e revistas, e telas de TV e computador, por envolver pessoas famosas.

É o caso do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, um dos acusados de participar do esquema de desvio de verba da construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. O laudo dos peritos atestou que o juiz sofria de hipertensão e depressão, mas que poderia ser tratado em qualquer lugar. Fizeram parte dessa avaliação três psiquiatras, um clínico geral e um cardiologista.

Outro caso é o do jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, que responde pelo assassinato de sua ex-namorada, Sandra Gomide. Ela foi morta com dois tiros, em Ibiúna, São Paulo e as perícias atestaram que Pimenta Neves estava em condições de receber tratamento psiquiátrico na prisão.

Atendimento e pesquisa

Criado em 1970, o Imesc nasceu com o nome de Instituto “Oscar Freire”, antigo departamento da Faculdade de Medicina da USP. Até hoje mantém vínculo cooperativo com a faculdade. Só em 1976, recebeu a denominação atual. Sua trajetória esteve sempre voltada ao atendimento público e à pesquisa científica. Entre peritos, técnicos e pessoal da administração, emprega 85 funcionários.

A primeira perícia de paternidade foi feita em 7 de abril de 1970 pelos sistemas de marcadores genéticos de glóbulos vermelhos (ABO, Rh, MN). O resultado de probabilidade de exclusão foi de 59,72%. Esse resultado equivale à incompatibilidade entre suposto pai e pretenso filho.

A partir de 2000, esses exames feitos pelo sistema HLA (série branca) foram substituídos pela identificação dos polimorfismos de DNA (ácido desoxirribonucléico, que permite identificar o código genético de uma pessoa) pela técnica do PCR.

Rapidez e confiabilidade

Por esse método, o sangue é processado para isolar o DNA. Em seguida, analisa-se a seqüência de cromossomos (que contêm todas as informações genéticas do indivíduo) de cada um dos envolvidos para averiguar as coincidências.

Essa metodologia garante porcentual de 99,98% de se excluir uma paternidade falsamente alegada. O novo sistema, em fase de teste, elevará o número para 99,9999% (uma possibilidade em um milhão de pessoas). Os sistemas anteriores, utilizados em conjunto, chegavam a 98%.

SERVIÇO
O Imesc fica na Rua Barra Funda, 824 – térreo – São Paulo.

Claudeci Martins
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)