Em 2003, um recorde histórico: 7 milhões de peças de roupas foram arrecadadas e distribuídas à população carente dos 645 municípios do Estado. No passado, hospitais foram construídos com a organização de campanhas e, até hoje, os desabrigados das enchentes recebem alimentos, remédios e colchões. O que essas ações têm em comum – além da participação e da colaboração das pessoas – é a articulação do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp).
Desde sua instituição, em 27 de março de 1968, o Fundo vem desenvolvendo projetos sociais para melhorar a qualidade de vida dos segmentos mais carentes da população. Ao longo dos anos, muitas atividades ficaram no anonimato, mas várias ganharam o reconhecimento público. Exemplos são as obras realizadas por Leonor Mendes de Barros, que se destacou por sua ação em favor da infância desamparada e dos tuberculosos. Lucy Franco Montoro aumentou a participação das comunidades nas decisões governamentais e criou os fundos municipais de solidariedade. Na gestão de Lila Covas foram intensificadas as parcerias com a sociedade civil.
Solidariedade educacional
A atual presidente e primeira-dama do Estado, Maria Lúcia Alckmin, fala das prioridades da sua gestão: “Nossas ações estão concentradas em programas de geração de emprego, criação de renda e valorização da cidadania”. Solidariedade educacional é o ponto forte da gestão. “Não queremos desenvolver um trabalho apenas assistencialista. Propomos ações comunitárias, possibilitando a formação de agentes multiplicadores”, explica. Os programas contam com a participação da iniciativa privada, da sociedade civil e parcerias governamentais. “Sem eles seria impossível desenvolver tantos projetos. Eu sou apenas uma articuladora”, enfatiza.
Muitos desses programas surgiram de suas experiências com a população, em visitas à periferia da capital e aos municípios. Idéias simples, utilizando a habilidade e os recursos locais, esses são os elementos que a presidente do Fundo vem utilizando na proposta de projetos.
Pão que alimenta e educa
O melhor resultado dessas andanças é o Programa Padarias Artesanais, carro-chefe do Fundo Social atualmente. A idéia surgiu no dia em que ela estava visitando um bairro na zona leste da capital. Uma moradora disse estar com fome e que queria comer pão. “Nunca mais esqueci isso. Quando assumi o Fundo, a minha primeira proposta foi desenvolver um projeto pelo qual pudéssemos dar condições de a população trabalhar e se alimentar.”
A proposta consiste na distribuição de kits (forno, batedeira, liquidificador, balança, assadeiras e botijão de gás) e treinamento por técnicos da Secretaria da Agricultura para a elaboração de pães caseiros. O programa, em curso há mais de dois anos, possibilitou a distribuição de mais de 4 mil kits, doados por parceiros do Fussesp. Os técnicos da Secretaria da Agricultura também auxiliaram na elaboração de receitas nutritivas e balanceadas. O resultado são mais de 15 tipos diferentes de pães doces e salgados, que podem ser feitos em qualquer cozinha, utilizando-se forno caseiro.
O processo é realizado com total transparência. O doador compra o kit e faz a doação diretamente a uma instituição. Quem recebe o treinamento assume o compromisso de tornar-se agente multiplicador na sua comunidade, repassando a outras pessoas não apenas o conhecimento técnico adquirido, mas também noções de saúde, higiene e cidadania. Tudo é registrado em relatórios e o doador recebe informações sobre a entidade que ajudou.
Em algumas regiões, o projeto expandiu tanto que a proposta, agora, é orientar para a formação de cooperativas. Uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) tornou viável o desenvolvimento de cursos sobre cooperativismo e microempresas. Quando o governo do Estado, por meio da Secretaria da Educação, começou a abrir as escolas da rede estadual nos fins de semana com o Programa Escola da Família, a proposta estendeu-se, também, para esse projeto, a fim de capacitar os pais desses alunos a fazer os pães. “É uma forma de aproximarmos os pais do ambiente escolar. Onde está a família não há a depredação do patrimônio público e a droga não entra”, afirma Maria Lúcia Alckmin.
Na capital, Fundo atende a 1,7 mil entidades
O Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo está vinculado à Casa Civil. Na capital existem 1,7 mil entidades cadastradas. Nos 645 municípios do interior, apenas sete são atendidos por intermédio de entidades. Os demais 638 por meio dos fundos municipais de solidariedade. Também administra espaços direcionados para crianças e adolescentes carentes, idosos e portadores de deficiências.
Nove principais projetos do Fussesp que beneficiam diretamente os menos favorecidos:
É um centro de convivência destinado principalmente às pessoas portadoras de deficiência, maiores de 14 anos. São realizados cursos profissionalizantes, oficinas culturais, projetos especiais e esporte adaptado. Estão matriculadas 1,4 mil pessoas. Este ano serão abertas mais 1,5 mil vagas.
Atende a crianças e a adolescentes de 7 a 14 anos, matriculadas na rede pública de ensino. A Casa da Solidariedade I atende, em dois turnos, a 250 jovens por dia. São realizadas oficinas culturais, orientação de estudo, educação física, informática e pólo do Projeto Guri. A Casa II atende a 270 crianças e oferece as mesmas atividades.
O Fussesp desenvolve trabalho que proporciona à terceira idade novas formas de convívio social. Para isso, oferece cursos e oficinas culturais no Espaço Convivência. No interior do Estado, realiza os Jogos Regionais do Idoso (Jori) que, além de resgatar a auto-estima, estimula a atividade física como fator de saúde e bem-estar. O evento, uma verdadeira Olimpíada, é realizado em parceria com os fundos municipais de solidariedade e com a Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer.
O projeto aproxima a universidade das comunidades carentes do Estado. Os alunos e professores trocam seus conhecimentos com a população, identificando e desenvolvendo as potencialidades regionais para seu desenvolvimento.
É feita a distribuição de brinquedos e jogos. São criados espaços que estimulam a criança a brincar num ambiente especialmente lúdico, despertando ainda a responsabilidade por intermédio do cuidado com os brinquedos. Foram distribuídos, em todo o Estado, 12 mil Casas de Brinquedo. Todos novos.
O projeto piloto foi realizado em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, em São José do Rio Preto. Trata-se de capacitação na área têxtil. O Senai também participa. Foram beneficiados 32 fundos municipais de solidariedade com a qualificação da mão-de-obra para a região.
Os projetos são elaborados pelos fundos municipais que detectam as prioridades regionais. Os recursos, no valor de R$ 8 mil, destinados à aquisição de material permanente e à implantação do projeto são repassados pelo Fundo Social de Solidariedade aos fundos municipais por meio de convênios. No município de São Paulo, o atendimento é feito diretamente a 1,7 mil entidades sociais cadastradas.
É um evento realizado durante uma semana na capital e em todos os municípios paulistas. A proposta é levar a população a refletir sobre o tema escolhido.
A Campanha do Agasalho é uma das ações que buscam dar atendimento imediato aos carentes. O objetivo é incentivar a doação de roupas novas, para estimular na sociedade a solidariedade, o respeito, o amor. Os números têm crescido. Em 2001, foram doados 550 mil agasalhos. Em 2002; chegaram a 2,2 milhões e, no ano passado, com a ação conjunta de todas as secretarias, empresas do governo, iniciativa privada e sociedade civil, o número de doações superou 7 milhões de peças.
Da Agência Imprensa Oficial
(AM)
