Especial do D.O: Fotografias digitais ajudam policiais e vítimas a identificar criminosos

Em média são 9,5 mil imagens inseridas mensalmente na base de dados da Fotocrim; sistema tem mais de 178 mil catalogadas

ter, 26/10/2004 - 13h01 | Do Portal do Governo

Ao consultar a Base Informatizada de Fotografias Criminais – Fotocrim, da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a vítima D.M.B., 19 anos, reconheceu, por meio da foto digital, o estuprador V.M.F. Após a identificação, os militares localizaram e prenderam o indivíduo no bairro de Pirituba, zona oeste da capital. Policiais civis de Araçatuba também identificaram um criminoso de alta periculosidade, foragido, utilizando o sistema na penitenciária local. Tempos depois, os mesmos policiais conseguiram prender o marginal.

Estes são alguns exemplos de casos solucionados com a colaboração da Fotocrim – nova ferramenta de trabalho que está facilitando a atividade policial e auxiliando as vítimas a identificarem os autores de delitos. ‘As pessoas têm acesso às informações acompanhadas das fotos digitais dos criminosos. Pode-se pesquisar nomes e apelidos usados, características pessoais, como altura, cor da pele, jeito de andar, sinais de nascença ou cicatrizes, defeitos físicos e tatuagens.

Também descreve o modo como agem, a região onde atuam, os tipos de crimes que cometeram, conexão com quadrilhas e esclarecimentos sobre seus comparsas’, explica o capitão da PM de São Paulo, Ulisses Puosso. Ele ressalta que a grande vantagem do novo método não está na quantidade de dados disponíveis, mas na qualidade e facilidade com que eles podem ser compartilhados por outros órgãos e bases que atuam na área da segurança pública.

Base de dados

Em parceria com a PM, a Secretaria de Administração Penitenciária, por meio de suas unidades prisionais, tem ajudado a alimentar a base de dados da Fotocrim. A secretaria também disponibiliza na rede todas as informações relativas à população carcerária do Estado. Até o começo deste mês, o sistema tinha mais de 178 mil catalogados. Desses, cerca de 43 mil vieram de unidades prisionais.

‘Espalhados pelos municípios paulistas, os policiais estão auxiliando na atualização da Fotocrim. Nas prisões em flagrante, eles fotografam, in loco, o criminoso. Depois, a imagem é enviada ao Quartel do Comando Geral da PM (QCG) – com todos esses dados sobre o preso – para ser inserida no sistema. Esse procedimento é fundamental, pois os delinqüentes estão sempre mudando a aparência e a identidade’, acrescenta o capitão Ulisses.

Um pouco de história

‘Antes tirávamos uma foto 3×4 e preenchíamos uma ficha com os dados do suspeito, que era arquivada no local onde a pessoa ficava presa. Esses documentos acabaram migrando para a capital e ficaram no QCG’, recorda o capitão. Tudo isso virou história. Hoje, 75 funcionários fazem parte de uma equipe que se reveza em três turnos para alimentar a Fotocrim com informações encaminhadas por policiais e unidades prisionais. São eles que lançam os cadastros e imagens no sistema. ‘Em média 9,5 mil fotos são acrescentadas mensalmente à base de dados, que pode ser acessada 24 horas por dia, em qualquer município do Estado’, explica.

Computador a bordo

Em 1995, a Polícia Militar começou a trabalhar num projeto sobre o armazenamento eletrônico de fotografias de pessoas com registros policiais e judiciais. A nova tecnologia digital teria como missão monitorar as atividades criminosas no Estado. Nascia, assim, a Fotocrim. No final da primeira etapa do programa, o sistema foi parar na intranet da PM e só entrou em funcionamento em março de 1999. Na ocasião, a Fotocrim passou a interligar todos os municípios. Há dois anos, a nova tecnologia está sendo utilizada pela Polícia Civil da capital, por meio de um sistema de Informações Criminais, batizado de Infocrim.

Incorporada com sucesso à rotina de trabalho dos civis e militares, essa tecnologia tem colaborado no planejamento e gerenciamento de uma polícia mais atuante. ‘Pretende-se instalar, até o final deste governo, computadores a bordo nas viaturas, interligados à Fotocrim. Isso será um grande avanço, principalmente porque, ao abordar um indivíduo suspeito, o policial poderá acessar o sistema e saber rapidamente se ele tem passagem pela polícia ou se é um foragido’, exemplifica o capitão Ulisses.

Marilia Mestriner
Da Agência Imprensa Oficial